A servidão involuntária: Trabalho, educação e enraizamento em Simone Weil (II)

2015 
Neste artigo apresentamos uma introducao ao pensamento social da filosofa judia francesa Simone Weil, tendo como eixo a articulacao de trabalho e educacao a luz da categoria de enraizamento. Peregrinando de corpo e alma junto a operarios, mineiros e camponeses, Simone Weil oferece ao mundo contemporâneo uma das mais consistentes contribuicoes reflexivas em favor da superacao da opressao social imposta aos trabalhadores da producao, cuja “carne de trabalho” e por ela assumida como locus hermeneutico de uma radical reposicao da questao sobre o sentido do humano. Na contramao da historica divisao social do trabalho que promove a degradacao do labor manual, Simone mostra que uma civilizacao nao atinge o estatuto humano se aqueles que contribuem com as suas maos para edifica-la nao levam, de direito e de fato, uma vida humana. Na perspectiva dessa transgressao civilizatoria, tratava-se de assegurar aos trabalhadores da producao os “alimentos” para a satisfacao de suas necessidades humanas basicas, mas tambem sua plena insercao na vida do espirito, seja pela apropriacao da cultura “classica” e universal que lhes e sonegada, seja pela afirmacao da cultura – unica e inestimavel – enraizada em sua experiencia vital. Em suma, a perspicacia subversiva do pensamento de Simone Weil esta em mostrar que a opressao social nao somente usurpa a dignidade de operarios e camponeses, como empobrece a propria civilizacao, ao priva-la de uma espiritualidade que so pode nascer do corpo e da alma dos trabalhadores.
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