Contribuição da classificação diagnóstica de Lebech et al. para a decisão de tratar crianças suspeitas de toxoplasmose congênita atendidas em serviço de referência

2013 
INTRODUCAO: As escassas avaliacoes do impacto da classificacao diagnostica de Lebech et al. na decisao de tratar as criancas suspeitas de toxoplasmose congenita e a complexidade do diagnostico dessa infeccao em filhos de maes co-infectadas HIV/T.gondii motivaram esse estudo. OBJETIVO: Avaliar o protocolo de classificacao diagnostica modificado (Lebech et al) na decisao de tratar criancas suspeitas de toxoplasmose congenita, filhos de mulheres imunocompetentes. Em filhos de mulheres co-infectadas pelo HIV, descrever as caracteristicas dos binomios mae/filho e avaliar aspectos do binomio mae/filho associados a transmissao vertical da toxoplasmose. METODO: Estudo retrospectivo em duas populacoes de um servico de referencia. Estudo 1- Avaliou-se 222 criancas suspeitas de toxoplasmose congenita atendidas entre 2008-2011. A persistencia de IgG especifica aos 12 meses de vida confirmou a infeccao. Avaliou-se a associacao entre a classificacao diagnostica aplicada aos zero e tres meses de idade e a toxoplasmose congenita. Descreveram-se caracteristicas do binomio mae/filho. No atendimento medico, alguns profissionais utilizaram o protocolo de classificacao diagnostica. Compararam-se os dois grupos de profissionais quanto a decisao de tratar com antiparasitarios os neonatos suspeitos de infeccao congenita. Estudo 2- Avaliou-se criancas com diagnostico de toxoplasmose congenita expostas verticalmente ao HIV (coorte/BH). Adotaram-se as definicoes do Ministerio da Saude do Brasil para diagnostico de infeccao pelo HIV e T.gondii. Foram avaliadas variaveis pre e pos-natais do binomio mae/filho. Utilizou-se o ACCESS® 2007 para o banco de dados e o SPSS® versao 17.0 para analise estatistica. O projeto foi aprovado pelo Comite de Etica da UFMG. RESULTADOS: Estudo 1: dentre 222 binomios mae/filho, as maes das criancas infectadas apresentaram menor idade comparadas as maes das nao infectadas (p=0,058). Maes com menor numero de consultas no pre-natal realizaram menos testes para toxoplasmose (p=0,05). Sorologia materna apos o parto, concomitante a do recem-nascido, reduziu a proporcao de maes nao classificadas (p=0,005). Ao nascimento, 64% das criancas suspeitas nao foram classificadas, proporcao reduzida na avaliacao aos tres meses de idade. Ao final de um ano a prevalencia da infeccao congenita foi igual a 19,8% (44/222). Observou-se comprometimento ocular em 84,1% das criancas e calcificacoes e/ou dilatacao ventricular em 77,3%. Na comparacao dos dois grupos de profissionais, quanto ao tratamento das criancas suspeitas, observou-se que ambos trataram todas as criancas com infeccao confirmada e o grupo que utilizou o protocolo adaptado tratou menor proporcao de criancas nao infectadas (p 500 celulas/mm3 e com toxoplasmose latente. CONCLUSAO: Filhos de mulheres imunocompetentes: suas maes tem acesso ao pre-natal, mas realizam um numero reduzido de testes sorologicos para toxoplasmose, resultando em dificuldade para o diagnostico da crianca suspeita da infeccao. A maioria das criancas nasceu assintomatica e as infectadas apresentaram proporcao elevada de comprometimento oftalmologico e neurologico. Todas as criancas infectadas foram tratadas. A aplicacao do protocolo de classificacao diagnostica reduziu o uso de medicacao antiparasitaria nas criancas nao infectadas. Ha necessidade de avancos na qualidade da atencao pre-natal para controle da toxoplasmose congenita. Em filhos de maes co-infectadas HIV-T.gondii, os resultados do presente estudo estao em acordo com o conhecimento atual de baixo risco de transmissao vertical do parasito, mesmo associado a imunossupressao e elevada carga viral materna. Entretanto, diferentemente desses estudos, identificou-se a infeccao congenita em filhos de mulheres co-infectadas com toxoplasmose latente e CD4+ nos limites da normalidade, reforcando a necessidade de seguimento cuidadoso desses casos.
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