Em equilíbrio precário : o trabalho do profissional da dança em ações socioeducativas

2014 
Esta pesquisa parte da hipotese de que o crescimento de programas e projetos socioeducativos que utilizam a arte como ferramenta educacional instaura ambivalencias no campo da danca, de seu ensino e nas condicoes de trabalho em que os artistas e educadores desta area se inserem. Questoes que acarretam deslocamentos de sentidos com relacao as concepcoes sobre a interface arte e educacao. A isto soma-se o reconhecimento ou nao destes profissionais como trabalhadores nessa esfera em que prevalece a nao continuidade dos processos artisticos e educativos pautados por contratos temporarios e parciais. Para entender melhor estas questoes, o estudo se localiza na cidade de Sao Paulo e a partir do fim da decada de 1980, periodo de significativas mudancas economicas, sociais, educacionais e culturais do qual, no processo de redemocratizacao emerge uma crise discursiva que pode ser percebida na atualidade, entre os artistas e educadores de danca, a partir de conflitos e tensao identitarios e conceituais sobre sua propria profissao. Configurou-se como pesquisa de carater qualitativo em que se ressaltou a dialetica e o processo autobiografico, ao rememorar minhas proprias experiencias, em simultaneidade com narrativas memorialisticas, advindas de entrevistas semi-estruturadas, de profissionais da danca que atuaram em acoes socioeducativos e governamentais de Sao Paulo. Esta esfera revelou-se, prioritariamente, como lugar de passagem, entre tantos outros, que configuram as estrategias de obtencao de renda perpetuando um equilibrio precario, proprio da profissao. As condicoes de trabalho neste contexto tambem desvelaram uma precariedade contraditoria em que predominam sentimentos de desvalorizacao e desrespeito, muitas vezes, silenciados ou invisibilizados, pela valorizacao que cada profissional atribui aos pequenos, mas significativos, momentos artisticos na relacao artista-educando. Neste sentido, a sonhada estabilidade nao se refere necessariamente a financeira e sim ao reconhecimento como trabalhador da arte. Abstract
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