Ensinar Geografia para a sociedade do século XXI: o confronto entre as novas perspetivas educacionais e as práticas pedagógicas
2012
A partir de uma analise dos seus fundamentos epistemologicos e das grandes finalidades da educacao geografica, procura-se definir o contributo do ensino da Geografia para o desenvolvimento de atitudes e valores que conduzam a formacao de cidadaos ativamente comprometidos com as grandes problematicas do mundo atual e explicitam-se os principais obstaculos politicos, ideologicos, organizacionais que tem impedido os professores de Geografia de assumir uma mudanca de paradigma cientifico e educacional.
Considera-se que a Geografia vive um momento de viragem epistemologica, onde predomina uma visao que da relevo aos factores subjectivos que subjazem as decisoes, e a uma leitura do espaco mais complexa que valoriza a interpretacao dos pequenos espacos e considera dificil generalizar num mundo marcado pela diferenca e pela rapida transformacao e aceita o pluralismo de abordagens sobre a realidade. Este movimento de ruptura conceptual que procura trazer a Geografia de volta ao seu principal objecto explicar e predizer a realidade espacial agora numa perspectiva de “espaco social”, o espaco vivido e culturalmente marcado, da origem ao desenvolvimento do conceito de territorio e fundamenta uma reconceptualizacao da Educacao Geografica.
Assume-se que a Geografia pode contribuir decisivamente para a educacao da consciencia moral, o desenvolvimento de uma consciencia etica e uma perspectiva global da sociedade e considera-se que esta e uma ciencia com uma “vocacao natural” para o desenvolvimento de competencias de cidadania, o que se deve a matriz dos estudos geograficos – aprender a interpretar o espaco, os seus elementos constitutivos, a forma com se inter-relacionam, os seus contrastes e debilidades, os seus pontos fortes e, a partir desta leitura polissemica, ser capaz de intervir no espaco de forma responsavel e numa perspectiva de desenvolvimento sustentavel.
Num segundo momento, partindo da interpretacao de documentos oficias e da analise dos resultados de inqueritos aplicados a professores portugueses de Geografia, poem-se em relevo as contradicoes existentes entre as orientacoes educativas emanadas dos organismos centrais (curriculo preconizado) e as praticas dos professores na sala de aula (curriculo implementado), bem como as percepcoes dos professores sobre os programas, o papel da geografia e a possibilidade de implementar estrategias de ensino que conduzam os alunos ao desenvolvimento de novas competencias geograficas.
Em conclusao, procuram-se determinar as causas que explicam a reduzida inovacao educativa nas aulas de Geografia, dando especial relevo as que se relacionam com as praticas desenvolvidas no âmbito da formacao inicial e continua dos professores ainda fortemente marcadas por um paradigma tecnologico, por uma concepcao positivista da geografia e por uma visao geometrizante do espaco.
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