Paraisópolis pede passagem - O que podemos aprender sobre gestão com a experiência da comunidade no combate à Covid-19

2020 
Mais de 13 milhoes de favelados esquecidos”. “Omissao vai empilhar muito caixao”. “Governo lento mata o povo”. “O Brasil e nosso”. As frases estao em cartazes espalhados pelo pavilhao da Uniao dos Moradores e do Comercio de Paraisopolis, que virou o centro das acoes de combate a Covid-19 nessa comunidade que, ao lado de Heliopolis, e uma das duas maiores da cidade de Sao Paulo. Desse pavilhao, partiram 12 iniciativas contra a pandemia que ganharam espaco na midia brasileira e internacional, com destaque para a organizacao voluntaria de 652 presidentes de rua, os quais foram designados para monitorar 50 casas cada um. Segundo o Instituto Polis, a taxa de mortalidade local era de 21,7 por 100 mil habitantes em Paraisopolis ate o dia 18 de maio, contra 56,2 na media da cidade de Sao Paulo e superior a 100 em distritos vulneraveis como Pari e Bras. Quem esta a frente das acoes e Gilson Rodrigues, 36 anos, lider comunitario e presidente da uniao de moradores. Gilson nasceu em Itambe, assim como boa parte dos habitantes da comunidade − 53% da populacao local veio da mesma regiao sudoeste da Bahia. Sua mae, surda-muda, por falta de condicoes, teve de dar seus 14 filhos, mas a avo materna conseguiu ter Gilson de volta. Aos 5 anos, vivia de casa em casa de parentes, ja em Paraisopolis. Depois de trabalhar na feira como carregador e vendedor de temperos, Gilson precisou voltar a Bahia e, ao ganhar um porquinho, nao teve duvidas: engordou e vendeu o bicho para comprar uma passagem de volta a Sao Paulo. Seu trabalho de lideranca comecou na montagem do gremio escolar e, aos 23 anos, passou a presidir a associacao de moradores. Nesta entrevista exclusiva a GV-executivo, Gilson explica que as iniciativas contra a Covid-19 foram baseadas na ideia de que, na falta de acoes governamentais, as comunidades devem ser protagonistas para mudar sua propria realidade. E, ao buscar ajuda de empresas e pessoas, precisam se posicionar nao como pedintes, mas como estruturas organizadas, potentes e capazes de entregar bons resultados.
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