De que adianta aprender se não for para aplicar ou transmitir

2017 
Introducao: A participacao de grupos dentro da area da saude, que tenham origem em cursos de graduacao distintos, na pratica docente, entende-se que o trabalho conjunto de pessoas de formacoes diferentes quando realizado com planejamento, objetivos definidos, orientado por competencias, torna-se uma importante alternativa para o aprendizado e para a melhor atencao a saude. Esta atividade de Praticas colaborativas e um o processo pelo qual pessoas em diversos niveis de conhecimento trabalham juntas, em pequenos grupos, com vistas a um objetivo comum. No Curso de Processos Educacionais na Saude (PES) um espaco de aprendizagem colaborativa com interdependencia positiva, responsabilizacao individual e habilidades interpessoais. Perrenoud utiliza o termo “trabalhar em equipe” quando fala das 10 Novas Competencias para Ensinar (2000). Para a Organizacao Mundial da Saude (OMS), Pratica Colaborativa na atencao a saude ocorre quando profissionais de saude de diferentes areas prestam servicos com base na integralidade da saude, envolvendo os pacientes e suas familias, cuidadores e comunidades para atencao a saude da mais alta qualidade em todos os niveis da rede de servicos, a partir dos tres grandes objetivos  definidos pelo PES: (1) a formacao de facilitadores, (2) utilizacao de metodologias ativas de ensino aprendizagem, (3) visando a melhoria da qualidade e seguranca de atencao em saude; Objetivo: descrever as atividades e reflexoes produzidas no Curso de Processos Educacionais. Metodos: As reflexoes descritas fazem parte da compilacao de acoes e atividades do referido curso em dialogo com varios autores, monitoradas por portfolio reflexivo, avaliacao por pares e auto avaliacao, alem de avaliacao formativa por parte da gestora de aprendizagem do grupo. Resultados/discussao: Basicamente,  o  trabalho consistiu em tres cenarios de ensino, em que as atividades sofreram influencia direta do PES, aprimorando conhecimentos e ampliando a visao da metodologia ate entao utilizada. Os cenarios foram: 1. Ambulatorial a. Pequenos grupos b. Reconhecendo as fronteiras ou limites de conhecimento e propondo estrategias de ensino como facilitador. c. Apresentando novas formas de avaliacao d. Exercitando o feedback 2. Disciplina interprofissional a. Problematizacao utilizando o Arco de Maguerez b. Portfolio: como avaliacao continua de disciplina. c. Avaliacao: socio afetiva, psicomotora, pares e autoavaliacao. 3. Hospitalar a. Revisao de prontuarios: como e o que pesquisar, definindo prioridades. b. Comunicacao com equipe e familiares c. Briefing e debriefing: com feedback apreciativo aos residentes. O PES proporcionou a possibilidade de discutir com profissionais de outras areas aimportância de estrategias inovadoras que possam desenvolverprogramas para motivar a forca de trabalho de forma ampla com o olhar para o servico de saude, conforme suas areas de atuacao. O referencial teorico mais importante quanto a estas praticas e O Marco para Acao em Educacao Interprofissional e Pratica Colaborativa(OMS 2010) que enfatiza a situacao atual da colaboracao interprofissional no mundo, identifica os mecanismos que resultam no trabalho em equipe colaborativo bem-sucedido e delineia uma serie de itens para a acao que os formuladores de politicas podem aplicar em seu sistema de saude local. Este trabalho procurou enfatizar que o termo Educacao interprofissional pode ser utilizado quando duas ou mais profissoes aprendem sobre os outros, com os outros e entre si para a efetiva colaboracao e melhora dos resultados na saude. Porem, tanto a atuacao no PES, quanto a atuacao diaria nas instituicoes, necessita de referenciais teoricos, muitas vezes relegados a um segundo plano, quando da execucao de projetos deste vulto. Na atividade escolar existem tres elementos centrais, para que o desenvolvimento ocorra com sucesso: o estudante, o professor e a situacao de aprendizagem. A busca por conhecimento sobre teorias de aprendizagem tentando aprimorar a dinâmica envolvida nos atos de ensinar e aprender, tentando explicar a relacao entre o conhecimento pre-existente e o novo conhecimento, se mostrou uma das lacunas de conhecimento tanto do grupo PES, quanto nas atividades docentes. Mitre S M (2008) questiona: “Mas por que tem se tornado imperioso rediscutir os processos de ensino-aprendizagem necessarios a formacao para o trabalho em saude?“ Entre as respostas da autora, seleciona-se uma mais apropriada, embora complementar com as demais: “a configuracao de uma nova modalidade de organizacao do espaco-tempo social, as sociedades de controle, o que torna imperiosa a adocao de uma postura critica sobre a inscricao do sujeito no mundo — aqui incluido o trabalho — caracterizando um verdadeiro ato de resistencia”. Conhecer, mesmo que em linhas gerais as divisoes das Teorias de aprendizagem do Behaviorismo, das chamadas Teorias de Transicao classificadas como o inicio do cognitivo moderno ate as Teorias Cognitivas, auxiliam a fundamentacao que sustentam estas reflexoes. Mereceu especial atencao, influenciando diretamente a pratica, o tempo e a profundidade reservados a analise da Espiral Construtivista, metodologia problematizadora, em curriculos que utilizavam metodologias ativas de ensino aprendizagem. Segundo Lima (2017), a experiencia com a Espiral, revelou que, a partir do processamento de problemas, as questoes de aprendizagem, elaboradas pelos estudantes, apresentavam maior articulacao disciplinar do que o guia do tutor  produzido pelos professores. Sera possivel utilizar esta metodologia em todos os momentos   e com diferente numero de pessoas? A utilizacao de grupos de ate 10 pessoas permite que conhecamos de forma individual cada um dos participantes com oportunidade de oferecer feedback apropriado e em tempo adequado. O Pequeno Grupo se constitui quando existem pessoas que compartilham o mesmo ambiente, com objetivos em comum e que trabalham coletivamente para alcanca-los, estabelecendo metas e estrategias, e centrando-se na realizacao de tarefa. Nesse contexto os participantes assumem e adjudicam papeis, permitindo a visao diversificada e o desempenho critico diante das situacoes reais, bem  como a construcao coletiva de atitude (des)alienantes. A pratica no PES foi de extraordinaria riqueza quando exercitada a facilitacao, nas varias formas e momentos, mas principalmente, quando nos deparou-se com situacoes de embate teorico ou de relatos de experiencia, e porque nao, nos momentos de avaliacao. A descricao destes “papeis” desenvolvidos por cada um esta bem documentada em Pichon-Riviere (1998), em especial quando “denuncia  os conteudos latentes da grupalidade” embora tenham sido, inicialmente, os estudos Bion (2010) que trouxeram a tona a nocao de cultura de grupo, considerando os conflitos existentes entre a mentalidade de grupo e os desejos individuais , afirmando que pode haver uma “mudanca catastrofica”, quando ideias novas promovem uma ruptura na mentalidade do grupo prevalente, para constituir uma nova. Finalmente, aquele autor, afirma que e na confluencia das experiencias individuais e coletivas que nasce o conteudo que sera manifestado pelo porta-voz do grupo. Diria-se: “Mas para pensar e fazer assim, tem que sair da caixinha.” Quando nos reportamos a estes referenciais e de que forma exercitamos no PES, obrigatoriamente, nos vimos colocados de forma antagonica aos principios de explicacao do Paradigma Classico (reducao, separacao e simplificacao), pois ele unifica o  que e multiplo, quantifica o que e qualificavel, simplifica o que e complexo. Outra visao,   tende a ser ampliada na perspectiva do Paradigma da Complexidade, quando questiona/perturba o paradigma “classico”, trazendo a ideia de Morin (2002), sobre a complexidade das relacoes: antireducionista aberta e dialetica para que possa ser dialogica. Trazendo a relacao de convivio e inseparabilidade dos antagonicos, dos concorrentes, dos contrarios. Conclusao: Participar do PES, trouxe a possibilidade de construir solidas relacoes em funcao do trabalho individual e coletivo, mostrando a relevância da comunicacao entre componentes, observando diferentes niveis de compreensao, com o desenvolvimento da escuta. Nao faltaram embates e demonstracoes claras de diferencas de pontos de vista e conceitos, porem, ideias defendidas e respeitadas, de forma a nao prejudicar os relacionamentos futuros, mas numa perspectiva dialogica.
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