Fatores associados à necessidade de internação em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e fatores de risco para morbidades neonatais: hemorragia perintraventricular, leucomalácia periventricular, retinopatia da prematuridade ou displasia broncopulmonar

2019 
Os recem-nascidos (RNs) internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal podem ter sido expostos a fatores de risco devido a intercorrencias e intervencoes clinicas obstetricas, fetais, perinatais e neonatais, ocasionando, muitas vezes, obito ou morbidades como hemorragia perintraventricular, leucomalacia periventricular, retinopatia da prematuridade ou displasia broncopulmonar Em geral, os estudos relatam de maneira isolada esses fatores, mas nao explicam qual o periodo que mais contribui para esses desfechos desfavoraveis. A proposta deste estudo e verificar os fatores de risco para morbidades (hemorragia perintraventricular, leucomalacia periventricular, retinopatia da prematuridade ou displasia broncopulmonar) em recem-nascidos, os fatores associados a necessidade de internacao em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, comparar os fatores de risco para internacao em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal em 2009 e 2017/2018. Metodo: estudo longitudinal, observacional, analitico-descritivo para internacao em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e longitudinal, observacional, prospectivo de base populacional para morbidades. Populacao do estudo: todos os recem-nascidos internados no ano de 2009 nas tres Unidades de Terapia Intensiva Neonatal que atendem aos usuarios do Sistema Unico de Saude, no municipio de Juiz de Fora (n = 254, ou seja, 97,7%). Para cada caso foram incluidos dois recem-nascidos para constituicao do grupo controle (n = 488). A inclusao de participantes iniciou em 1o de janeiro de 2009 e terminou no dia 31 de dezembro de 2009. Para os dados do ano 2017/2018, a amostra do estudo foi composta por Rns que nasceram no periodo de 01 de outubro de 2017 a 28 de marco de 2018 nas mesmas maternidades e Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. Nesta amostra totalizaram-se 30 RNs internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e 60 no grupo controle. Os dados foram armazenados em banco de dados do software Statistical Package for Social Science, versao 25.0 para IOS. Eles foram coletados utilizando os formularios da Vermont Oxford Network e formulario proprio. Para descrever o perfil da populacao segundo as variaveis em estudo, foram feitas tabelas de frequencia das variaveis categoricas, com os valores de frequencia absoluta (n) e relativa (%). Foi utilizado o teste qui-quadrado ou o exato de Fisher. Caso a frequencia nos subgrupos fosse ≥ a 5 e p-valor ≤ 0,10, incluiu-se a variavel nos modelos de regressao. Na analise dos fatores associados a “internacao em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal”, foi utilizado regressao logistica binomial; ja na analise dos fatores de risco para morbidades utilizou-se regressao de Poisson. Foram construidos modelos teoricos de determinacao com tres blocos de variaveis hierarquizados. O fator principal para a hierarquizacao desses blocos foi sua ordem de aparecimento ao longo tempo, exceto para o primeiro deles. As variaveis significantes foram incluidas nos modelos seguintes ate se chegar ao modelo final. Resultados: Os fatores associados a Morbidade neonatal na regressao de Poisson, considerando os tres grupos cocomitantemente, foram sofrimento fetal, tempo de internacao maior do que 34 dias e ventilacao mecânica maior do que 24 horas. Os fatores de risco para internacao em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal na regressao logistica binaria foram prematuridade, sexo masculino, baixo peso ao nascer, reanimacao na sala de parto, sindrome do desconforto respiratorio e pequeno para a idade gestacional. Quando a analise foi feita para os RNs pretermos, os fatores de risco foram baixo peso ao nascer, reanimacao na sala de parto e sindrome do desconforto respiratorio. Para os RNs a termo, os fatores de risco foram PIG, TORCH, gestacao multipla, reanimacao na sala de parto e sindrome do desconforto respiratorio. A diferenca nas frequencias relativas dos fatores associados a internacao em UTIN (prematuridade, baixo peso ao nascer, muito baixo peso, idade materna menor do que 20 anos, hipertensao materna, pre-natal com menos de 6 consultas e parto cesareo) nao foram estatisticamente significativas quando comparados os anos 2009 e 2017/2018. Idade materna acima de 35 anos, diabetes materna, infeccao do trato urinario, atendimento pre-natal apresentaram ocorrencia maior em 2017/2018. Asfixia apresentou ocorrencia significativamente menor no ultimo periodo analisado. Conclusao: os resultados indicam que os fatores associados a necessidade de internacao em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e os fatores de risco para morbidades (hemorragia perintraventricular, leucomalacia periventricular, retinopatia da prematuridade ou displasia broncopulmonar) de RNs que necessitaram de internacao em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal estao significativamente associados a fatores ocorridos em todos os periodos - pre, peri e neonatal, pois estao presentes em todos os grupos estudados (biologico, materno/perinatal ou neonatal). A analise reitera a necessidade de uma cooperacao muito estreita entre obstetras e neonatologistas a fim de reduzir a incidencia de morbidades e internacao em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Esse estudo tambem sinaliza a relevância que tem o acompanhamento do desenvolvimento dos recem-nascidos que internaram na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal ao longo dos anos. O que reforca a importância da implantacao e manutencao de servicos de seguimento follow up.
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