A escolha do curso de Medicina no contexto de implementação de políticas de democratização do acesso ao Ensino Superior

2018 
Nesta tese, investiga-se a escolha pelo curso de Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais e na Universidade Federal de Ouro Preto, a partir da adocao do Sistema de Selecao Unificada (SiSU) e da Lei de Cotas, tendo como fundamentacao teorica e metodologica a perspectiva da Sociologia da Educacao. O problema central da pesquisa e verificar a escolha pelo curso de Medicina nesse cenario, uma vez que e um dos mais elitizados e concorridos dentre os cursos superiores oferecidos pelas instituicoes publicas do pais. Segundo as teorias elaboradas pela Sociologia da Educacao, grupos sociais distintos tenderiam a elaborar as escolhas pelo curso superior de maneiras diferentes, em geral, condicionados pelas possibilidades de acesso a estes cursos. Considerando-se o elevado grau de dificuldade para o acesso ao curso de Medicina, investigam-se os caminhos percorridos pelos alunos de grupos diversos para elaboracao da escolha pelo curso, com vistas a percepcao de semelhancas e diferencas entre esses grupos, definidos segundo criterios da Lei de Cotas. Sao estudadas amostras de estudantes que acessaram as duas instituicoes por meio do SiSU em 2016, aos quais se aplicaram questionarios especificos elaborados para tal fim. Realizaram-se tambem entrevistas semiestruturadas das quais participou um grupo seleto de estudantes. Sao encontradas intersecoes entre os grupos de estudantes pesquisados, principalmente apos analise dos questionarios: a populacao estudada e majoritariamente jovem, entre 18 a 20 anos de idade, com predominio de estudantes brancos e escassa representacao de pretos; a escolaridade dos pais e das maes dos alunos e, em geral, elevada. As escolhas pela Medicina sao elaboradas quase sempre em epocas da vida mais precoces, em relacao ao momento da inscricao no SiSU, e os candidatos sao aprovados, em grande maioria, na primeira das opcoes oferecidas na plataforma do sistema. Diferencas tambem sao percebidas, em escala individual, como, por exemplo, a maior instabilidade de estudantes de grupos sociais menos favorecidos em sua trajetoria escolar, ainda que eles se considerem estudantes dedicados. Os resultados sugerem que a populacao desses grupos tenha sido superselecionada, nao possuindo o perfil escolar caracteristico de seus grupos sociais de origem. Percebe-se ainda que o SiSU coloca os estudantes mais bem-sucedidos no ENEM em situacoes mais favoraveis aos concorrentes, no que se refere a escolha pelas instituicoes de maior prestigio e geograficamente melhor situadas.
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