Entre história e liberdade : a ontologia do presente em Michel Foucault

2010 
Michel Foucault produziu uma filosofia voltada para a historia dos processos de subjetivacao na cultura ocidental, a qual ele denominou ontologia do presente ou ontologia historica de nos mesmos. Este trabalho de pesquisa tem como objetivo investigar essa dimensao ontologica que marca e caracteriza o pensamento do filosofo frances, discutindo questoes como: o que significa pensar o sujeito na trama da historia? Que compreensao de historia e de sujeito e pressuposta? Quais as implicacoes dessa filosofia com o presente? Quais as relacoes entre analise historica e o problema da acao etica e politica? Que nocao de liberdade se esboca a partir dessas questoes? A hipotese de que se partiu propoe que as nocoes de experiencia limite e de acontecimento sao centrais para a compreensao de que a historia e a liberdade so podem ser pensadas em conjunto, uma em face da outra e a partir dessas duas nocoes correlatas. O acontecimento historico se refere a experiencia limite, atraves da qual se realiza a experiencia ontologica de constituicao do sujeito. Tem-se como consequencia que a experiencia etica e politica necessitam, para serem praticas de liberdade, da analise historica que pensa o presente como problema e busca a sua transformacao, que so e possivel como ato de transgressao dos limites. A liberdade, como experiencia de transgressao dos limites, necessita do pensamento e da critica historica do presente para, situando-se no limite, operar sua superacao. Como metodo de discussao e justificacao da hipotese, procurou-se mostrar como a nocao de ser da linguagem como experiencia limite e o primeiro passo para questionar a soberania do sujeito fundador e mostrar que a linguagem se realiza como pratica discursiva, que tem uma regularidade e um modo de ser singular que se configura em uma forma propria, que Foucault designou arqueologica, sendo ela descontinua e descentrada ao mesmo tempo. O que concorre para a constituicao dessas formacoes historicas sao relacoes multiplas de forca, relacoes genealogicas de poder/saber, ou ainda, o regime de verdade que constitui os dispositivos historicos. Para tanto, os trabalhos de Foucault da decada de 1960 sobre a literatura contemporânea sao imprescindiveis para a compreensao do ser da linguagem como experiencia limite. O modo como Foucault pensa a experiencia limite no campo da historia e mais bem compreendido pela nocao de acontecimento como praticas discursivas, que se refere aos jogos de verdade (saber) e as relacoes de governo sobre os outros e sobre si mesmo (poder). Por fim, a partir dos textos de Foucault dos anos 1970 e 1980, procura-se discutir o sentido da ontologia do presente como o trabalho necessario do pensamento em direcao a transgressao dos limites, a instauracao de praticas de liberdade. Como conclusao afirma-se a tese de que a nocao de estrategia e o conceito que articula a formacao historica das praticas limites e a posicao etica e politica que exige sua transgressao Abstract
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