A ANGÚSTIA MÉDICA: REFLEXÕES ACERCA DO SOFRIMENTO DE QUEM CURA

2002 
Pretende-se demonstrar como o status social alcancado pela Medicina, acaba se transformando em um fator gerador de angustia e adoecimento para a classe medica como um todo. No cotidiano das instituicoes de saude, e possivel observar como os profissionais de Medicina sao revestidos de um poder social que, ao mesmo tempo em que lhes fornece grande prestigio, lhes cobra responsabilidades extremas. A sociedade exige cada vez mais, que o medico seja capaz de solucionar de maneira rapida eficiente e certeira todos os problemas que lhe sao apresentados, desconsiderando as limitacoes humanas desse profissional. Estranhamente, essa forma de pensar e de agir e incentivada pela propria formacao academica, pois esta, faz com que o estudante de Medicina, futuro medico, acredite que possua qualidades quase sobre-humanas. Porem, ao deparar-se com a realidade limitadora do cotidiano, o medico ja formado, frustra-se ao perceber a impossibilidade de esgotar toda a demanda que lhe e apresentada, na forma que lhe e exigido. Dessa maneira, acaba desenvolvendo sentimentos de angustia profunda, decorrentes dessa frustracao. Como seu status social desaprova a demonstracao de sinais de dificuldade ou inseguranca, o medico se auto-proibe de externalizar a angustia sentida, acabando por abafar seus sentimentos, sofrendo calado e isolado, construindo sua propria prisao, transformando-se em um ser que sofre, sem mostrar que sofre. Desse modo, este artigo objetiva ser um chamado de alerta nao so para a classe medica, mas tambem, para todos os que trabalham na area da Saude, no sentido de repensarmos nossas formas de atuacao enquanto profissionais.
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