PROTOCOLO DE MORTE ENCEFÁLICA E PROCESSO DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS, VIVÊNCIAS E APRENDIZADOS DE UMA ENFERMEIRA RESIDENTE

2016 
Atualmente o transplante de orgao e um tratamento opcional para melhora da qualidade de vida de pessoas de varias idades que tenham doencas cronica irreversivel ou em estagio final. Desde 1954, quando houve o primeiro transplante realizado com sucesso, tem-se sofrido constates avancos para tratamento de doencas nos rins, pâncreas, figado, coracao, pulmao e intestino (1). Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM) atraves da resolucao n° 1.480/97 define-se como Morte Encefalica (ME) a parada completa e irreversivel de todas as funcoes encefalicas, tanto dos hemisferios quanto do tronco cerebral, o que significa interrupcao definitiva de todas as atividades do encefalo (2). As leis que regulamentam os transplantes sao a 9.434 de 1997 e a 10.211 de 2001 as quais dispoem sobre a remocao de orgaos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e da outras providencias. Sendo que, deve-se ter o diagnostico de ME, contatado e registrado por dois medicos que nao sejam da equipe de transplante, usando criterios clinicos e tecnologicos definidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) (3). A Resolucao de No 1480/97 do CFM tambem estabeleceu criterios para diagnostico de morte encefalica, ao qual a mesma devera ser consequencia de processo irreversivel e de causa conhecida, e sera constatada atraves de realizacao de exames clinicos e complementares, em intervalos de tempo variaveis, proprios para determinadas faixas etarias (2). Hoje com mais de 95% dos procedimentos no pais sendo financiados pelo Sistema Unico de Saude (SUS), o Brasil tornou-se referencia mundial em transplantes. Sendo considerado o maior sistema publico de transplantes no mundo. Onde cerca de 56% das familias entrevistadas em situacoes de ME aceitam e autorizam a retirada dos orgaos para doacao (4). A enfermagem se faz imprescindivel na melhoria do cuidado ao paciente com ME, pois presta assistencia durante 24 horas ao paciente, logo para que o processo de doacao se torne efetivo salienta-se a importância do envolvimento destes profissionais. A obtencao de orgaos e tecidos com seguranca e qualidade e resultado do conhecimento do processo e execucao adequada e correta de suas etapas, logo quando ha falha em alguma fase pode-se motivar os questionamentos ou ate recusa por parte dos familiares (5). OBJETIVOS: Descrever as experiencias e aprendizados de uma enfermeira residente na abertura do protocolo de morte encefalica e processo de doacao de orgaos. Metodologia: Trata-se de um relato de experiencia de carater descritivo, que se deu a partir das vivencias de uma enfermeira residente  Urgencia e Emergencia da Universidade do Estado do Amazonas-UEA durante atividades da residencia  de enfermagem, no Politrauma do Hospital e Pronto Socorro Joao Lucio Pereira Machado. As situacoes vivenciadas possibilitaram observar atuacao do enfermeiro em todo o processo que envolve desde a abertura do protocolo de ME ate a doacao e captacao de orgaos. Dessa forma, ao longo desse periodo, foi possivel atuar nos diferentes servicos, desenvolvendo atividades de competencia do enfermeiro da Comissao intra-hospitalar de doacao de orgaos e tecidos para transplante (CIHDOTT) e da Organizacao de Procura de Orgaos (OPO),  junto aos que fazem parte do processo de doacao de orgaos. Resultados: A experiencia foi vivenciada por uma enfermeira residente dentro do politrauma da referencia em neurologia, neurocirurgia e politraumatismo na regiao, o Hospital e Pronto-Socorro Dr. Joao Lucio Pereira Machado, esta localizado na zona Leste da cidade de Manaus. O cuidar do paciente em ME, que clinicamente e um paciente considerado morto, porem com caracteristica de uma pessoa com vida, uma vez que e um potencial doador, deve ser conduzido e manuseado com mesmo empenho e dedicacao de um paciente de uma unidade de terapia intensiva (UTI). Logo o enfermeiro vivencia a morte e o morrer em seu dia a dia e pode despertar sentimentos em relacao a sua finitude. Fazendo-o pensar com maior frequencia em sua propria morte ou na do outro. Porem os enfermeiros que trabalham no processo de doacao de orgaos consideram a experiencia gratificante e enxergam a oportunidade de desenvolvimento profissional e novas experiencias. Durante o estagio de dois (2) meses no pronto socorro foi possivel observar que a atuacao da equipe de enfermagem e de grande importância no processo, ja que e a responsavel pelos cuidados com o doador, por sua manutencao hemodinâmica, cuidados de higiene e conforto 24 horas por dia.  Sao os responsaveis por fazer o elo entre os medicos, familiares e outros profissionais, pois o trabalho em equipe e fundamental, onde cada um contribui com seu saber, para que o objetivo final seja alcancado com exito: a doacao de orgaos. Percebe-se que essa a experiencia de trabalhar em equipe nos cuidados prestados ao potencial doador fortalece os profissionais, e isso colabora para que a assistencias seja realizada o mais adequado possivel, acelerando assim o processo de doacao, abreviando o sofrimento da familia e com grandes chances de aproveitamento dos orgaos. Durante a cirurgia o enfermeiro e de grande valia, pois prepara todo material necessario para receber os orgaos retirados, alem do que e responsavel por toda parte burocratica durante e apos a cirurgia. A integracao com o servico foi de grande valia para participacao de todo o processo, pois estando no setor do politrauma, muitas das vezes quando se admiti um paciente apos avaliacao, e possivel verificar os sinais de possivel ME, e isso na maioria das vezes e feita pelo enfermeiro plantonista, logo ocorre a comunicacao a OPO que inicia os procedimentos para abertura do protocolo. Conclusao: Para a equipe de enfermagem, o resultado do processo de cuidar do paciente em ME pode gerar certa carga de estresse por ser um paciente muito instavel e que necessita de monitorizacao constante. Ha um sentimento de grande satisfacao em todos da equipe quando tudo da certo e a doacao e concretizada. Durante todo o periodo que foi acompanhado tanto a abertura do protocolo ate o momento da captacao foi possivel perceber que o enfermeiro atuante nessa area necessita de um amplo conhecimento das repercussoes fisiologicas que o doador sofre para poder realizar de forma eficiente a manutencao de seus orgaos, o que propiciara a concretizacao do transplante. No entanto cuidar deste paciente transcende o saber cientifico, pois o enfermeiro esbarra em muitas questoes eticas, morais, espirituais. Ficou evidente que a funcao e o papel exercido pelos enfermeiros do CIHDOTT e OPO sao diferenciados o que demonstra que poucas universidades proporcionam formacao nesta area de conhecimento.
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