Determinação da grelina acilada e dos ácidos graxos livres durante teste de tolerância oral à glicose na gestação normal e na gestação complicada por diabetes gestacional

2009 
O diabetes gestacional e sabidamente um estado de resistencia a insulina. Torna-se, portanto, um excelente modelo para o estudo do comportamento de diversas variaveis metabolicas que apresentam alteracao com relacao a resistencia insulinica. Essas variacoes ocorrem tanto no estado de jejum quanto no estado pos-prandial, motivo pelo qual o teste de tolerância oral a glicose (TTOG) no diabetes gestacional pode ser utilizado para fins de estudos em resistencia insulinica. O objetivo do primeiro artigo deste trabalho e avaliar o comportamento da grelina acilada durante o TTOG em gestantes com e sem alteracao no metabolismo glicemico. A grelina e um hormonio peptidico produzido principalmente pelo estomago e seu receptor GHS-R1a, expresso principalmente na hipofise e hipotalamo. Entretanto, para a ligacao ao receptor GHS-R1a e necessario a acilacao de um de seus residuos a serina tornando-a, assim, ativa. Apresenta uma variacao circadiana tipica em adultos normais, com aumento no estado pre-prandial e decrescimo no estado pos-prandial. A supressao prandial encontra-se prejudicada em varias patologias que apresentam resistencia a insulina, como o diabetes e a sindrome do ovario policistico. No metabolismo glicemico, a grelina acilada promove inibicao tonica a secrecao de insulina glicose estimulada e aumento da secrecao hepatica de glicose. Estas acoes sao supostamente antagonizadas pela grelina nao ativa ou desacilada. Torna-se fundamental, portanto, analisar o efeito, padrao e regulacao da grelina acilada no metabolismo glicemico normal ou alterado pelo diabetes gestacional. Para tal, foram recrutadas 41 mulheres: 28 gestantes realizaram o teste de tolerância oral a glicose (75g-2h-TTOG) apos a 24a semana de gestacao, enquanto outras treze mulheres saudaveis voluntarias, pareadas para o indice de massa corporal, tambem realizaram o mesmo TTOG e compuseram o grupo controle (NOR). As gestantes avaliadas foram separadas em grupos de acordo com as recomendacoes da Associacao Americana de Diabetes (ADA) no Fourth Workshop-Conference on Gestational Diabetes Mellitus, sendo quinze gestantes portadoras de diabetes gestacional (GDM) e outras treze gestantes sem alteracoes no TTOG (GES). Foram determinados os valores basais e apos 60 e 120 minutos de glicemia, insulina e grelina acilada. A grelina acilada nao apresentou diferenca estatistica entre os grupos no estado basal. Os grupos avaliados tambem nao apresentaram variacao estatistica nos valores de grelina acilada durante o teste de tolerância oral a glicose, se comparado aos seus valores basais de grelina acilada. No entanto, quando comparamos as curvas de grelina acilada avaliadas durante o teste de tolerância a glicose, os grupos foram diferentes estatisticamente na analise de variância bi caudada para medidas repetidas (p = 0,018). Ao aplicarmos o teste de Holm-Sidak para diferenciar os grupos durante o TTOG, foi detectada uma diferenca entre os grupos GES e GDM aos 60 minutos, com o grupo GDM apresentando valores estatisticamente mais baixos (p = 0,006). Mostramos, assim, pela primeira vez, que a grelina acilada nao apresenta supressao a sobrecarga de glicose na gestacao com ou sem diabetes gestacional e em mulheres nao gestantes pareadas para o indice de massa corporal. No entanto, a grelina acilada apresenta-se mais baixa aos 60 minutos no diabetes gestacional, quando comparada com gestantes sem diabetes gestacional, apontando para a possibilidade de a grelina acilada apresentar um papel na fisiopatologia do diabetes gestacional. Altos valores de acidos graxos livres sao descritos como relacionados a fisiopatologia da resistencia a insulina. Os acidos graxos livres foram anteriormente descritos como elevados no terceiro trimestre de gestacao. O objetivo do segundo artigo foi avaliar os acidos graxos livres na gestacao normal e complicada pelo diabetes gestacional, durante o teste de tolerância oral a glicose. Vinte mulheres quatorze com diabetes gestacional e seis gestantes saudaveis foram avaliadas no terceiro trimestre de gestacao com teste de tolerância oral a glicose (100g-3h-TTOG). Foram determinados os valores de glicemia e dos acidos graxos livres durante os quatro tempos. Mostramos declinio significante dos acidos graxos em ambos os grupos do jejum aos 60 minutos (p < 0,05). O grupo com diabetes gestacional mostrou valores mais altos de acidos graxos livres durante toda a curva, com diferenca estatistica entre os grupos demonstrada pelo teste de analise de variância bi caudada para medidas repetidas (p < 0,001). Os valores dos acidos graxos livres diminuem durante o TTOG no diabetes gestacional, mas permanecem ainda mais elevados quando comparados a gestacao normal. Estes valores mais altos de acidos graxos livres no grupo de pacientes com diabetes gestacional possivelmente encontram-se relacionados ao quadro de resistencia a insulina do diabetes gestacional
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