Contribuições da semântica formal para o ensino de língua materna: a quantidade nominal
2020
Este artigo pretende contribuir para o projeto de se “lancar uma ponte entre a linguistica teorica e o ensino escolar da gramatica” (LEMLE, 1984), propondo uma nova abordagem para o tratamento da quantidade nominal no ensino de lingua portuguesa, a luz dos achados da semântica formal. A tradicao gramatical (obras de referencia e didaticas) e o ensino tradicional assumem a oposicao binaria singular/plural para os nominais, examinando o numero na palavra em isolamento, quanto a morfologia. Observa-se apenas a presenca ou ausencia de morfema plural, mas o numero e produto de mais outros tres fatores: (i) o tipo de sentenca (episodica ou generica), (ii) a estrutura sintatica do sintagma nominal (nome nu ou sintagma de determinante), (iii) o fato de o nome ser massivo ou contavel. O proprio licenciamento do morfema de plural esta sujeito a condicionamentos. E necessario o exame da sentenca inteira, levando em conta todas essas variaveis, para determinar a interpretacao do sintagma nominal. A visao tradicional e limitadissima, por desconsiderar que, alem de contar seres, o PB conta tipos e episodios. A tradicao desconsidera tambem que a quantidade nominal vai muito alem de numero: ha leituras de volume, leituras de abundância de leituras de intensidade. Embora na morfologia o plural seja o mais marcado, semanticamente o mais marcado e o singular. A interpretacao da quantidade nominal e complexa e rica, e o tratamento dado hoje a quantidade nominal nas escolas e obras de referencia e didaticas brasileiras nao da conta do fenomeno.
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