Cidade acessível: igualdade e singularidade da deficiência visual

2009 
A maior parte das discussoes acerca das deficiencias (motoras e sensoriais) tende a tomar uma de duas direcoes. A primeira delas se refere as politicas de inclusao que, focadas no direito das pessoas com deficiencia, enfatizam a igualdade entre deficientes e nao deficientes. A segunda direcao vai em sentido oposto e destaca a diferenca. Sob tal perspectiva, na maioria das vezes a deficiencia e vista como um deficit, um empecilho, desconsiderando o que ela tem de potencia de recriar a subjetividade, de aprender e conhecer, de se relacionar e habitar a cidade. Numa orientacao mais interessante, a pessoa com deficiencia e vista como portadora de necessidades especiais. No campo da deficiencia visual, estudos cognitivos apontam para as particularidades do cego, atentando tambem para suas potencialidades. A diferenca cognitiva entre cegos e videntes diz respeito ao modo como eles se movimentam e sua percepcao do espaco, o que tem consequencias para a locomocao na cidade. A especificidade da pessoa com deficiencia visual se da nao como efeito de uma falta de competencia cognitiva espacial, mas como decorrente da ausencia de dados perceptivos provenientes do ambiente. Para os videntes, o que permite se locomover no espaco de maneira organizada e a relacao entre movimentos realizados e as progressivas mudancas de distância e direcao entre os objetos e si mesmo. Para os deficientes visuais nao ha um fluxo visual continuo, mas um significativo embasamento em outros sentidos, como tato, audicao e propriocepcao. Numa cidade feita prioritariamente para os que enxergam surgem diversas dificuldades para os cegos. Dessa forma, o projeto teve como objetivo investigar tres situacoes do cotidiano: pegar um onibus, atravessar uma rua e desviar de um orelhao. Visou-se observar de que maneira essas situacoes se dao, que dificuldades podem surgir e quais os dispositivos e estrategias criadas. As observacoes foram feitas nos arredores do Instituto Benjamin Constant e do Campus da Praia Vermelha da UFRJ. Foram tambem realizadas entrevistas-passeio com os proprios deficientes visuais. Ao final,  foi realizada uma discussao sobre de que forma a acessibilidade ocorre nos contextos investigados, considerando tanto a situacao da cidade quanto a do usuario deficiente visual. Concluiu-se que os direitos sao para todos, mas para que a igualdade seja alcancada e preciso criar condicoes que atendam as singularidades do deficiente.
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