Reflexões sobre o desamparo : a questão do pai na religião e na psicanálise
2015
A partir de algumas questoes trazidas pela clinica, este trabalho traz uma reflexao teorica sobre o que se passa com a "fe religiosa" no processo de analise. Como nos aponta Lacan ([1960] 2005), a psicanalise nao apenas surge no meio judaico-cristao, mas toda sua referencia etica gira em torno dessa tradicao, assim como todas as questoes a respeito da funcao pai. A morte de pai primordial anunciada pelo mito criado por Freud nos aponta o mito do nosso tempo: Deus esta morto. No entanto apos o assassinato do pai, os filhos, com saudades, criam um substituto - o totem - a primeira religiao. Todavia a psicanalise nos aponta um outro caminho diante a falta do pai: realizar seu luto. Realizar o luto desse pai Onipotente e algo que se pode esperar de uma analise, e que pode colocar em jogo a relacao do sujeito com a religiao. O mito de Freud permite a Lacan afirmar, nao apenas que Deus esta morto desde sempre, mas que Deus e inconsciente, o que aponta a irrepresentabilidade de Deus ? muito diferente da figura do Pai zeloso que olha por nos - e supoe encarar a falta do pai como um fato de estrutura. A psicanalise da assim um outro valor ao pai, ele ganha uma dimensao espiritual. No livro do Exodo, Deus se apresenta como "ehyeh asher ehyeh", e duas traducoes sao feitas, cada uma trazendo um discurso diferente; a primeira nos apresenta um Deus, cujo nome e impronunciavel, um Deus feito de nada; a segunda, Deus e apontado como um ente suficientemente superior e onipotente, a ponto de preencher o homem em sua falta. Essa diferenca se articula na separacao entre o Gozo de Deus e o Desejo de Deus, algo fundamental para pensar as mudancas do lugar do pai em analise.
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