Toxicidade pré-clínica do óleo do pequi (Caryocar brasiliense Cambess): avaliação dos efeitos agudos, subcrônicos, genotóxicos e teratogênicos em ratos Wistar

2017 
O Caryocar brasiliense Cambess (pequi) e um fruto brasileiro de importante distribuicao geografica e de ampla utilizacao popular para fins nutricionais e medicinais. Apesar da literatura demonstrar sua eficacia para diversas atividades biologicas, ate o momento os estudos toxicologicos sao incipientes e nao sustentam a seguranca do seu uso. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a toxicidade pre-clinica do oleo extraido da polpa do C. brasiliense (OPCB) em ratos Wistar. O oleo foi extraido por prensagem a frio (prensa tipo expeller) e analisado por cromatografia (liquida e gasosa). Inicialmente, o ensaio Artemia salina foi conduzido para determinar a taxa de letalidade de diferentes doses do OPCB. Subsequentemente, para o teste de toxicidade aguda, ratos Wistar femeas receberam, via oral, dose unica de 2000 mg/kg do OPCB, seguida de observacao dos animais por 14 dias. Para os testes de toxicidade subcronica, ensaio cometa e teste do micronucleo, ratos Wistar machos e femeas receberam, por via oral, doses repetidas de 125, 250, 500 ou 1000 mg/kg/dia do OPCB, sendo tratados e observados por 28 dias. Para o teste de toxicidade do desenvolvimento, ratos Wistar femeas, prenhas, receberam, via oral, doses repetidas de 250, 500 ou 1000 mg/kg/dia do OPCB durante o periodo da organogenese (d6 ao d15 de prenhez). A analise quimica indicou elevada presenca de acido oleico, β-caroteno e licopeno. No teste de Artemia salina, todas as doses do OPCB mantiveram taxas de viabilidade estatisticamente semelhantes ao controle negativo. No teste de toxicidade aguda nao foram observadas alteracoes nem mortalidade, indicando que a DL50 e superior a 2000 mg/kg. No teste de toxicidade subcronica, as doses testadas nao produziram alteracoes significativas nos parâmetros comportamentais, fisiologicos, bioquimicos ou histopatologicos dos animais tratados. Algumas diferencas estatisticas foram encontradas no hemograma dos animais experimentais em relacao ao controle negativo. Porem, os resultados estao dentro dos valores de referencia estipulados para a especie e, portanto, nao foi atribuida significância clinica a essa variacao. No ensaio cometa, os animais tratados com OPCB mantiveram seus indices e frequencias de dano estatisticamente similares ao controle negativo e diferentes do controle positivo, demonstrando que o oleo nao foi capaz de causar dano genetico aos animais tratados. O teste do micronucleo, realizado na medula ossea dos animais, apontou a ausencia de efeitos clastogenicos, aneugenicos ou citotoxicos do oleo. Para o teste de toxicidade do desenvolvimento, o tratamento com o OPCB nao interferiu negativamente nos parâmetros reprodutivos maternos e contagem dos pontos de ossificacao dos fetos, bem como nao causou toxicidade materna, embriotoxicidade ou teratogenicidade na prole. Em conjunto, esses resultados indicam que, em nossas condicoes experimentais, o oleo da polpa do pequi nao causou toxicidade aguda, subcronica, genetica ou sobre o desenvolvimento de ratos Wistar. Esses dados fornecem estimativas de seguranca para uso humano, inclusive durante a gravidez, e fornecem informacoes de dosagem de referencia para novas investigacoes sobre o perfil de seguranca desta planta.
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