Reflexões sobre a formação de jornalistas: 1880-1925

2021 
A profissao de jornalista tem uma historia relativamente recente, com pouco mais de 100 anos, e complexa, intimamente dependente de rotinas e praticas quotidianas e da progressiva constituicao de um campo de atuacao instavel, de fronteiras porosas e que se instaura sob o signo do confronto. No periodo entre o ultimo quartel do seculo XIX e o primeiro do seculo XX, que corresponde ao tempo da construcao dos alicerces do novo campo profissional dos jornalistas (Chanel, 2001; Correia e Batista, 2007; Delporte, 1995; Fidalgo, 2008; Miranda, 2008; Sobreira, 2003), ocorreram assinalaveis transformacoes no mundo dos jornais (Dias, 2014; 2017; 2018) e a “opiniao publica ascendeu a maioridade” (Sardica, 2012, p. 348). Reclamando um estatuto proprio e cientes do seu progressivo poder, estes “novos jornalistas” procuram redefinir as fronteiras do seu campo de atuacao e distinguir-se da esfera literaria e politica, ate entao representada pelo “homem de letras” (Dias e Peixinho, 2018; Ferenczi, 1993; Peixinho, 2010). Inicia-se, assim, um movimento associativo no seio do qual se discute um conjunto de questoes de identidade organizativa (Cunha, 1941; Sardica, 2012; Sousa, 2011; Vargues, 2003), nomeadamente o tema da formacao profissional (Chanel, 2001; Sobreira, 2003; Sousa, 2009). E no quadro de internacionalizacao dos numerosos congressos profissionais que emerge a necessidade de uma formacao especializada, discutida num contexto transnacional, do qual Portugal nao esteve arredado. O foco deste estudo sao precisamente os Congressos Internacionais da Imprensa, organizados desde 1894 pelo Bureau Central des Associations de Presse, cuja quinta edicao teve lugar em Lisboa. Embora as diferentes propostas sobre o ensino da profissao nao tenham sido consequentes, elas sao reveladoras dos debates sobre a inscricao da formacao no universo profissional. Palavras-chave: ensino do jornalismo; viragem do seculo; associativismo; congressos internacionais.
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