VIH e doença coronária – quando a prevenção secundária é insuficiente

2017 
Resumo A terapeutica antiretroviral (TARV) alterou o paradigma da infecao pelo virus da imunodeficiencia humana (VIH), conhecendo‐se o risco aumentado de doenca coronaria nestes doentes. Apresenta‐se o caso de um homem de 57 anos, melanodermico, com coinfeccao VIH‐2/virus hepatite B, com controlo adequado; diabetes mellitus tipo 2, insulino‐tratado e dislipidemia. Internado por enfarte agudo do miocardio, sem supradesnivelamento ST. Realizou cateterismo ao 4.° dia de internamento, documentando‐se doenca de dois vasos (segmento medio da coronaria direita [CD] [90% estenose] e 1.a obtusa marginal [OM1] com estenose de 95%). Colocaram‐se dois stents revestidos, sem intercorrencias. Teve alta sob dupla antiagregacao (acido acetilsalicilico 100 mg/dia e clopidogrel 75 mg/dia) e restante terapeutica dirigida a doenca coronaria. Recorreu ao servico de urgencia quatro horas apos a alta por pre‐cordialgia com irradiacao ao membro superior esquerdo, tendo‐se diagnosticado enfarte agudo do miocardio com supradesnivelamento do segmento ST nas derivacoes inferiores. Realizou coronariografia uma hora apos o inicio da dor, que revelou oclusao de ambos os stents . A tomografia de coerencia otica (OCT) revelou boa aposicao do stent na CD, trombos intra‐stent e disseccao com inicio na margem distal do stent. Realizou‐se angioplastia de ambas as arterias, com sucesso. A trombose aguda dos stents pode ser explicada pelo aumento do potencial trombotico conferido pelo VIH e pela diabetes. Nao existem recomendacoes especificas relativas a TARV na prevencao secundaria apos sindrome coronario agudo. A abordagem multidisciplinar destes doentes e essencial para a sua orientacao adequada.
    • Correction
    • Source
    • Cite
    • Save
    • Machine Reading By IdeaReader
    36
    References
    1
    Citations
    NaN
    KQI
    []