ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO PARA PACIENTES COM DEFICIÊNCIA: UMA EXPERIÊNCIA ACADÊMICA

2016 
APRESENTACAO: Segundo dados da OMS, 10% da populacao mundial e constituida por pessoas com deficiencia seja esta, mental, fisica, anomalias congenitas, disturbios comportamentais, transtornos psiquiatricos, disturbios sensoriais e de comunicacao (HADDAD, 2007). Deste modo, o cirurgiao-dentista deve saber realizar uma anamnese minuciosa a fim de detectar possiveis alteracoes e assim, proporcionar um atendimento odontologico integral, seguro e individualizado na abordagem e plano de tratamento com caracteristicas peculiares, ainda que a molestia de base seja a mesma. Atualmente, no Brasil, o numero de especialistas para o atendimento odontologico a essa populacao e pequeno, muitas vezes, limita-se a instituicoes, onde o cirurgiao-dentista, em raros casos, integra uma equipe multidisciplinar e desempenha importante papel na manutencao e melhoria da qualidade de vida desses pacientes. Atentos a essa falta de capacitacao profissional e grupos de estudo que discutam metodos facilitadores de prevencao e tratamento odontologico voltados para esses pacientes e, diante da escassez de programas odontologicos voltado para pessoas com deficiencia, foi instituido em 2005 esta atividade de extensao, perfazendo 10 anos de existencia. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO Este programa de extensao interdisciplinar visa formar e capacitar academicos de odontologia no atendimento odontologico a pacientes com deficiencia, com o objetivo de oferecer uma melhora na qualidade de vida destes pacientes. Com vista nas peculiaridades do atendimento a pacientes com deficiencia que vai desde o manejo ao tratamento, alem da integralidade, tambem e nosso objetivo fazer com que os academicos se sintam melhor preparados para lidar com situacoes referentes a saude bucal e comportamento dessa populacao. Nesse contexto, ao longo dos dez anos, os atendimentos, alem de serem a pacientes que vem por livre demanda, sao estendidos tambem aqueles oriundos das Unidades Basicas de Saude (UBS) de Porto Alegre e da grande Porto Alegre, devido ao convenio entre Faculdade de Odontologia da UFRGS e Secretaria Municipal de Saude de Porto Alegre (Centro de Especialidade Odontologica CEO/UFRGS). Os academicos como forma de contribuir com todo esse processo de transformacao e auxiliar no planejamento de acoes em saude para uma melhor qualidade deste programa de extensao, aprendem e descrevem as condicoes de saude desta populacao de deficientes, investigam os fatores determinantes das situacoes de saude dos mesmos e, avaliam o impacto das acoes de saude instituidas, proporcionando, atraves de seus resultados, a possibilidade de contribuir para uma melhor resolubilidade no âmbito da qualidade de vida dos mesmos. RESULTADOS: E um desafio trabalhar com a promocao da saude no setor publico, especialmente com pacientes deficientes, e prejudicado por fatores como situacao socioeconomica baixa, necessidade de grandes deslocamentos, dificuldade de transporte, tempo despendido nos diversos tratamentos de reabilitacao paralelos ao tratamento odontologico, predisposicao que esses pacientes tem de adoecer, associados a falta de compreensao, interesse e resistencia dos pais sobre a importância da saude bucal. Estes fatores justificam a forte relacao entre o baixo nivel de escolaridade (50,7% tem 1o grau incompleto), renda familiar (41% vivem com 2 salarios minimos) dos responsaveis pelos nossos pacientes e as suas pessimas condicoes de saude bucal. O que se trabalha com os academicos nesta referida extensao e que, para atender de forma adequada os pacientes com deficiencia, e necessario observar o todo, perceber o paciente integralmente, conhecer as reacoes orgânicas, avaliar as complicacoes advindas da evolucao de cada sindrome e/ou alteracao sistemica, atentar para interacoes medicamentosas, de forma que a atuacao do cirurgiao-dentista propicie a esse sujeito saude e funcao do sistema estomatognatico. O Retardo de Desenvolvimento: Neuro-Psico-Motor (DNPM) foi o mais prevalente no diagnostico de nossos pacientes (40,4%) e fatores como idade, grau de deficiencia mental e um padrao ruim de higiene bucal, a ma oclusao, a alta incidencia de caries e doenca periodontal foi alta nestes pacientes. Alem desta alteracao de normalidade, pode-se observar muitas outras, como Sindrome de West, Sindrome de Smith Lemli Optiz, Hiperatividade, Esquizofrenia e SIDA que nao foram citadas no presente estudo por nao terem tido uma frequencia significante na populacao avaliada. O fato de um paciente ser portador de determinada deficiencia, nao exclui a possibilidade de apresentar alguma outra caracteristica. As diferentes necessidades foram computadas separadamente, podendo um paciente pertencer a mais de um grupo. Entre as associacoes decidiu-se trabalhar apenas com Sindrome de Down e Cardiopatias, alem de Retardo de DNPM e Epilepsia pela frequencia em que aparecem na amostra estudada. Na analise dos medicamentos utilizados por esse grupo de pacientes, pode-se verificar a maior prevalencia do uso de anticonvulsivantes, seguidos de Antipsicoticos, Tranquilizantes e Antidepressivos. Outros farmacos como Anti-hipertensivos e Anticolinergicos sao utilizados em menor escala. Essas condicoes podem e devem ser prevenidas com precoce atendimento a todos os deficientes, principalmente com a participacao ativa dos cuidadores no processo de introducao aos cuidados de higiene bucal e analise do tipo de alimentacao devida, associados ao tratamento ambulatorial realizada nesta acao de extensao. Infelizmente, ha uma carencia muito grande de acoes odontologicas voltadas para a pessoa com deficiencia. Um dos fatores que mais contribuem para esta atencao excludente e a pouca formacao de recursos humanos para atende-los. CONSIDERACOES FINAIS: O Brasil e o campeao mundial em numero de dentistas, 219.575 mil registrados nos Conselhos Regionais, sendo 401 com especializacao em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais e destes, apenas 22 atuando no Rio Grande do Sul. Deste modo, e evidente a necessidade de que se continue formando e capacitando academicos de qualidade na area de odontologia para o atendimento ao deficiente com foco nas iniciativas de prevencao e promocao de saude e que aborde tambem as questoes clinicas dos mesmos.
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