Perspectivas neurocientíficas para uma teoria do trauma: revisão crítica dos modelos integrativos entre a biologia e a cultura

2021 
Durante o ultimo quarto do seculo XX, a psicopatologia codificou um arco diversificado de fenomenos sociais sob a rubrica do traumatismo, notabilizando o estudo do trauma psicologico como area autonoma e progressivamente informada pelas pesquisas culturais e neurobiologicas. Nesse cenario, presenciamos a emergencia do paradigma biocultural, perspectiva epistemologica que procura elucidar as trajetorias interativas pelas quais cultura e biologia consolidam, entre si, os seus efeitos reciprocos. Este artigo abordara as intersecoes entre o campo dos psicotraumatismo e as neurociencias, tomando, como eixos de analise, a expansao da categoria do transtorno de estresse pos-traumatico (TEPT), os pressupostos epistemologicos das pesquisas neurocomportamentais do estresse e do medo, e as limitacoes da tese da bidirecionalidade, preconizada pelas neurodisciplinas culturais contemporâneas. A elaboracao de abordagens definitivamente integrativas pode auxiliar no desenvolvimento de modelos compreensivos capazes de conceber os saberes e as praticas ao nivel da experiencia humana, evitando interpretacoes reducionistas que submetem vivencias culturais e subjetivas complexas ora aos imperativos do cerebro, ora aos codigos semiologicos do raciocinio patogenico.
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