RELAÇÕES DE TRABALHO E COAÇÃO
2005
Ao ler Violencia, saude e trabalho ( uma jornada de humilhacoes), de Margarida Barreto, lembrei-me instantaneamente do livro de C. Dejours , A banalizacao da injustica social (1999) e me perguntei: o que fez Margarida, nessa sua pesquisa, para alem de desbanalizar a violencia? Desvendou a violencia subjetiva e sutil que corroi as pessoas e lhes tira o sentido de sujeitos de direitos. Isso por si so ja confere ao seu trabalho um estatuto de ruptura epistemologica profunda e radical( no sentido da radicalidade), que nos fala Santos (1987, p. 36) com o conhecimento dominante e hegemonico “... a configuracao do paradigma que se anuncia no horizonte so pode obter-se por via especulativa.Uma especulacao fundada nos sinais que a crise do paradigma atual emite mas nunca por eles determinada...”. Margarida fez uma enorme e consistente pesquisa, na perspectiva etnografica das historias de vida no trabalho, permeada pelas humilhacoes, em sua dissertacao de mestrado defendida junto ao Programa de Pos-Graduacao em Psicologia Social da PUC-SP no ano de 2000. Seu texto mescla com rigor e paixao a cientificidade com a capacidade de iluminar,no sentido de abrir possibilidades para outros olhares, produzindo desafios criticos a academia, a ciencia e a sociedade.E neste momento que ela anuncia a importância de preencher a lacuna epistemologica posta pelo paradigma dominante e cartesiano ao se propor a compreender a complexidade do processo das relacoes de trabalho que levam as humilhacoes sofridas por trabalhadores homens e mulheres. Para preencher esta lacuna epistemologica e que concordamos com Santos (1987) ao anunciar a emergencia de um novo paradigma, construido a partir da solidariedade com a premissa de que todo conhecimento deva ser “prudente para uma vida decente’”. (1987, p. 37) Das questoes emergentes deste trabalho minucioso de pesquisa, resulta a a pergunta sobre a existencia ou nao de uma Historia das humilhacoes sofridas pelos trabalhadores homens e mulheres. Na linha de Derrida, (1991), qualquer resposta nao pode prescindir da posicao hierarquica, e muitas vezes invisiveis, do poder em
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