Registros de sessão terapêutica: relato, gravação ou transcrição? considerações sobre as diferenças entre os registros

2014 
A tematica da gravacao das sessoes de psicoterapia nao apresenta consenso na literatura. Alguns autores referem a possibilidade de ampliacao dos conhecimentos e entendimento mais aprofundado das sessoes, destacando a importância da gravacao para estudos de processo psicoterapico. Outros enfatizam a exposicao dos pacientes e a interferencia negativa da gravacao no processo e no desenvolvimento da alianca terapeutica. O presente estudo teve como objetivo examinar distintas formas de registro de sessoes de psicoterapia psicanalitica. Consiste em levantamento das diferencas e especificidades do registro em audio, da transcricao e do relato pela memoria do psicoterapeuta de uma sessao de psicoterapia. A fonte de informacoes e oriunda de tres sessoes consecutivas de um tratamento de uma jovem de 19 anos, as quais foram analisadas qualitativamente por um grupo de pesquisadores formado por psicanalista, psicologos-psicoterapeutas e estudantes de psicologia. A principal diferenca encontrada foi a existencia, no relato da terapeuta, de contextualizacoes e sentimentos contratransferenciais que davam vivacidade ao material. A experiencia de ouvir a gravacao foi considerada cansativa pelos pesquisadores, porem trouxe a possibilidade de escutar o tom da voz e perceber aspectos afetivos da relacao entre terapeuta e paciente. Estabeleceram-se consideracoes sobre os conteudos presentes nas transcricoes e ausentes nos relatos de memoria, identificando que a essencia do material permanecia a mesma, embora transformado pela experiencia da terapeuta.
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