Reflexões sobre práticas sexuais, de acesso e uso do preservativo masculino por adolescentes e jovens de uma escola pública de Campo Grande-MS

2016 
APRESENTACAO: Este resumo relata uma pesquisa que buscou conhecer as praticas sexuais e de acesso e uso do preservativo masculino por adolescentes e jovens de uma escola publica de Campo Grande/MS, com o objetivo de fornecer subsidios para acoes educativas em relacao a abordagem de educacao sexual nas escolas, bem como de identificar e avaliar as estrategias de acesso ao preservativo por adolescentes e jovens. Constituiu parte da dissertacao de mestrado de uma das autoras, apresentada ao Mestrado Profissional em Saude da Familia, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Fiocruz – Mato Grosso do Sul. Foi pautada pelas questoes eticas da Resolucao no. 466, de 12 de dezembro 2012, do Conselho Nacional de Saude (CNS), Ministerio da Saude, que normaliza as pesquisas envolvendo seres humanos. Observa-se nos ultimos anos aumento do numero de pessoas infectadas com o virus do HIV na faixa etaria de 13 a 19 anos no Brasil. Outro alerta e que mesmo adolescentes e jovens tendo elevado conhecimento sobre as formas de prevencao das infeccoes sexualmente transmissiveis, ainda verifica-se tendencia de crescimento do HIV entre eles. Outra preocupacao esta relacionada ao numero de gravidez na adolescencia que em algumas regioes do municipio de Campo Grande ultrapassam a 30% das gestacoes registradas pelo sistema unico de saude (SUS). O preservativo apresenta-se neste contexto como a tecnologia mais segura na prevencao das IST e tambem para prevenir a gravidez indesejavel.  Sendo assim, o estimulo, a oferta e o acesso aos metodos de prevencao sao demanda prioritaria da atencao basica para a garantia da saude sexual e saude reprodutiva de adolescentes e jovens no Brasil, conforme os principios e diretrizes do atendimento ao publico em questao. DESENVOLVIMENTO: A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2014, com aplicacao de um questionario, respondido por  63 alunos,  com idade entre 14 e 23 anos de idade, referente  as caracteristicas sociodemografica, praticas sexuais, acesso e uso do preservativo masculino.  Passou por analise estatistica, utilizando-se o programa estatistico SigmaPlot, versao 12.5, considerando um nivel de significância de 5%. Resultados: De forma geral, a maior parte dos alunos entrevistados era do sexo feminino (79,4% - n=50), tinha entre 14 e 19 anos (84,1% - n=53), estava solteiro ou namorando (87,3% - n=55), cursava o 2o ou o 3o ano do ensino medio (69,8% - n=44), estudava no periodo matutino ou noturno (87,3% - n=55), era de etnia parda (65,1% - n=41), era evangelico (58,7% - n=37), apresentava renda familiar entre 1 e 3 salarios minimos (65,1% - n=41), nao trabalhavam (69,8% - n=44) e moravam com os pais (mae: 74,6%; pai: 50,8% - n=32) ou irmaos (65,1% - n=41). Com relacao as praticas sexuais, acesso e uso do preservativo masculino e passaram pela analise estatistica, identificou-se que 52,4% (n=33) dos participantes, ainda nao tinham iniciado a vida sexual e os demais 47,6% (n=30), sim. Destes, 33,3% (10) usavam camisinha em todas as relacoes sexuais; 40% (n=12) usavam mais da metade das vezes que tinha relacoes; 6,7% (n=2) em menos da metade das vezes; e 20% (n=6) nunca usavam. Nesse grupo, os motivos mais citados para nao usar camisinha foram: nao ter dinheiro para comprar (93,3% - n=28); a parceira ou a respondente usar anticoncepcional (36,7% - n=11); e nao ter camisinha na hora “H” (n=33,3% - n=10). 57,1% (n=36) dos adolescentes e jovens receberam orientacao sobre o uso adequado do preservativo e 41,3% (n=26) nao receberam nenhuma informacao. Ainda, 46% (n=29) disseram que sabiam colocar corretamente a camisinha masculina, enquanto que 38,1% (n=24) relataram nao saber ou tinham duvidas em colocar a camisinha. Em relacao as atitudes tomadas pelos adolescentes e jovens ao precisar de preservativo, as mais relatadas foram: compro na farmacia (55,6%, n=35); pego no posto de saude (22,2%, n=14); e pego com um amigo (9,5%, n=6). A maioria dos alunos acha importante facilitar o acesso da camisinha aos adolescentes e jovens (93,7%, n=59), porem, boa parte deles respondeu que nao recebeu ou pegou preservativos na unidade basica da saude da familia (UBSF), nos ultimos 12 meses (69,8%, n=44) e 93,7% dos entrevistados acham importante o acesso ao preservativo para adolescentes e jovens. CONSIDERACOES FINAIS: Os dados mostram que a maioria dos adolescentes e jovens nao se previne adequadamente das infeccoes sexualmente transmissiveis e de gravidez indesejada. Muitos apresentam duvidas em relacao a colocacao do preservativo masculino e em geral o adquirem em farmacias e, portanto, dependem de recursos para tal, nao  buscando nas UBSF que tem distribuicao gratuita, mesmo tendo conhecimento da disponibilidade do insumo de prevencao nas unidades basicas de saude.  Verificou-se ainda que os adolescentes banalizam a transmissao de IST, apresentam duvidas relacionadas a colocacao adequado do preservativo e dificuldade de acesso ao insumo de prevencao. Fato que promove a manutencao das estrategias existentes de acesso ao preservativo, bem como de atitudes resistentes as novas tecnologias e as estrategias simples de acesso. Sendo assim, o cenario, aponta para a importância de desenvolver e fortalecer projetos de educacao sexual que promovam reflexoes e informacoes claras e atualizadas sobre o risco de IST, transmissao vertical, metodos de prevencao e contracepcao e sua eficacia, dentre outras. Essas discussoes sao legitimas e asseguradas pela Lei de Planejamento Familiar. Mesmo que o atendimento para adolescentes nao seja abordado de forma especifica, deve prevalecer o carater universal da lei, assegurando acesso ao servico, aos metodos contraceptivos e ao planejamento familiar, garantindo a escolha dos individuos dessa faixa etaria. Embora o estudo tenha sido centrado em uma escola, pode indicar reflexoes e instigar novas pesquisas que contribuam para acoes educativas no campo da sexualidade. Espera-se que tais reflexoes possam auxiliar os adolescentes e jovens a tomar suas decisoes com responsabilidade e adequado esclarecimento. Finalmente, conhecimento e esclarecimento, nem sempre sao suficientes na garantia do acesso ao preservativo. Portanto, torna-se fundamental a ampliacao de estrategias e espacos que facilitem a promocao do acesso ao preservativo por adolescentes e jovens com menor constrangimento em prol do sexo seguro e responsavel.
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