A gravura tipográfica como salvaguarda do nosso património
2018
Uma das nocoes que, no seculo XIX, os jornalistas em Portugal tinham presente com a publicacao dos seus
artigos era a de que estavam a fazer historia ou, pelo menos, a darem um contributo util para a historia. Talvez
nao a historia concreta ou especifica da imprensa, mas uma historia geral contemporânea da sociedade
portuguesa, da qual nao tinham duvidas de que eram interpretes inequivocos. Estavam convictos de que o seu
trabalho, pelo menos, aliviaria o esforco dos historiadores das penosas investigacoes que outrora passavam
pelas dificuldades em decifrar os enigmas que lhes permitiam a reconstrucao do passado. Sampaio Bruno, a
proposito das revistas literarias, chega mesmo a afirmar que estas, para alem de constituirem uma especie de
album para delassement dos ociosos, possuiam uma utilidade maior, mais seria e mais elevada, dado que, no
seu entendimento, constituiam uma larga sintese de toda uma epoca artistica. (Bruno. Dezembro de 1895, p.
1). E a circunstância da edicao das nossas proprias revistas ilustradas iniciarem o seu caminho chamando, em
1837, o nosso mais cotado historiador, Alexandre Herculano, designadamente para dirigir O Panorama, e mais
uma prova dessa inequivoca ligacao de compromisso entre o jornalismo e a historia. Porem, a sua afirmacao
de que “a invencao da imprensa deve a Europa a sua civilizacao actual: e este um facto que hoje ninguem
contesta” (Herculano. 1837, p. 28), deixa claro que o fazer historia e, em particular, historia da imprensa nao
se resume ao contributo dos chamados «escritores publicos», mas ao de todos os envolvidos na industria das
artes graficas, particularmente os tipografos-compositores, que, justamente, se orgulhavam da imprensa
constituir um “elemento de progresso e a grande alavanca da civilizacao” (Silva. 1887, p. 2), e os
desenhadores/gravadores, que nos deixaram um reportorio de imagens que ilustra uma boa parte do nosso
patrimonio historico colectivo.
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