Migrantes, refugiados e outrização: construindo a europeidade. Uma exploração dos média portugueses e alemães
2020
O processo de instituicao da Uniao Europeia supranacional foi acompanhado por uma construcao de uma ideia de europeidade (Geary, 2013; Pieterse, 1991/1993), de pertencer a um nos, criando uma ideia de quem somos, enquanto europeus, e, necessariamente, da outrizacao dos que nao pertencem (Butler & Spivak, 2007; El-Tayeb, 2011). A chamada “crise dos refugiados/migratoria” e um contexto particularmente interessante para explorar discursos nao apenas sobre esta divisao entre nos e eles, em relacao aos que sao apresentados como nao-europeus, mas tambem sobre a construcao do que somos nos, europeus. Os media desempenham um papel crucial na reproducao de representacoes sobre os outros, com quem o publico nao tem contacto direto. Neste artigo, exploramos discursos, nos media portugueses e alemaes, de 2011 a 2017, sobre a chamada “crise dos refugiados/migratoria”. Atraves de uma analise qualitativa de conteudo, procuramos compreender como e construida a ideia de europeidade em relacao a este fenomeno. Esta analise exploratoria permitiu identificar que nao existe apenas uma construcao da ideia da Europa, na qual os migrantes ou refugiados sao o outro, mas tambem uma ideia da Europa intrinsecamente incompativel com a rejeicao desse outro, incompativel com ideias e movimentos de extrema direita ou xenofobos. Ser europeu, portanto, e ser nao-muculmano, ser nao-refugiado, e ser nao-xenofobo.
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