Adesão ao tratamento da constipação intestinal crônica funcional em crianças atendidas em ambulatório de referência

2012 
Este estudo tem como objetivo avaliar a adesao e fatores associados ao tratamento de criancas com constipacao intestinal cronica funcional. Pacientes constipados foram acompanhados por periodo de seis meses. Os dados foram coletados de agosto de 2009 a outubro de 2011, no ambulatorio de Gastroenterologia Pediatrica do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, apos aprovacao pelo Comite de Etica da UFMG. Os Criterios de Roma III foram utilizados para definir a constipacao e a Escala de Bristol para caracterizar as fezes. O criterio utilizado para se considerar a crianca aderente ao tratamento foi o uso de mais de 75% da medicacao, avaliado pelo retorno dos frascos/envelopes vazios do medicamento em uso, tendo como base a prescricao da ultima consulta. Os medicamentos foram prescritos para os pacientes do estudo de acordo com criterios clinicos e protocolos utilizados no ambulatorio. Os medicamentos utilizados foram: polietilenoglicol, hidroxido de magnesio, oleo mineral e Psyllium husk (fibra natural predominantemente soluvel). Foram analisadas variaveis relacionadas a: paciente, cuidador, doenca, esquema terapeutico e sistema de atencao a saude. Questionario estruturado contendo a variavel resposta (adesao) e as variaveis independentes do estudo foi preenchido no primeiro e no sexto mes de tratamento, apos consentimento livre e esclarecido dos participantes. O armazenamento e analise dos dados foram feitos pelo programa estatistico Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versao 15. A amostra foi constituida de 50 criancas, que participaram dos dois momentos do estudo. A idade media da amostra foi de 77,6 ± 43,8 meses e a idade media de inicio dos sintomas da constipacao foi de 18,8 ± 27,9 meses. A taxa de adesao ao tratamento foi de 38% no primeiro mes de acompanhamento e de 30% no sexto mes. Nao houve associacao (p>0,05), nos dois momentos do estudo, entre adesao e as seguintes variaveis: sexo e idade do paciente, nivel de escolaridade da mae, uso previo de laxantes, existencia de problemas emocionais, condicao socioeconomica, gravidade da doenca (escape fecal, sangue nas fezes e dor abdominal) e administracao da droga por outro cuidador que nao os pais. Foi verificada maior adesao ao tratamento dos pacientes que utilizaram polietilenoglicol em comparacao com os que receberam outros medicamentos prescritos, com significância estatistica no segundo momento do estudo (p=0,19 e p=0,04 no primeiro e segundo momentos, respectivametne). Este estudo mostrou baixa adesao ao tratamento da constipacao em criancas. Profissionais de saude devem estar cientes desse fato, especialmente em pacientes que nao estao respondendo ao tratamento. O conhecimento das taxas de adesao e os metodos utilizados para mensura-la ainda sao um desafio na literatura, porem, quando verificados cuidadosamente e de forma individualizada, podem fornecer importantes informacoes sobre o padrao da falha. E necessario buscar novas estrategias para o aumento da adesao ao tratamento de doencas cronicas e principalmente da constipacao intestinal na infância, evitando-se complicacoes e gastos de verba publica e da familia.
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