Avaliação neurocognitiva comparativa na Esclerose Múltipla associada ou não à doença Bipolar

2015 
Introducao: Esclerose Multipla (EM) e uma doenca neurologica cronica, inflamatoria, autoimune, desmielinizante, degenerativa que acomete o sistema nervoso central (SNC), principalmente de adultos jovens e medios (15 a 40 anos). Alem de alteracoes cognitivas serem mais frequente que o estimado, alteracoes psiquiatricas, na EM, sao comuns e elas podem surgir como sintomas inaugurais mesmo sem sintomas fisicos. Os pacientes de EM sao mais vulneraveis a transtornos psiquiatricos, podendo dois tercos deles serem acometidos, porem, os achados mostram que ela e subdiagnosticada e subtratada. De acordo com a literatura, dos transtornos psiquiatricos na EM, a depressao e a mais prevalente, seguida pela ansiedade e Transtorno Afetivo Bipolar (TAB). Metodo: Foram avaliados de forma aleatoria, 109 pacientes provenientes de um servico universitario especializado em EM (Centro de Referencia, Investigacao e Tratamento em Esclerose Multipla - CRIEM), no Brasil Central, diagnosticada por neurologistas experientes, de acordo com os criterios de McDonald-2010, revisados por Polman et al.- 2011, atendidos no CRIEM. A amostra final contou com 84 pacientes com EM, que foram divididos em dois grupos (TAB e n-TAB). A avaliacao neurocognitiva foi feita utilizando instrumentos vastamente usados e pesquisados para avaliar cognicao na EM (BRB-N). Para alteracoes psiquiatricas, foram utilizados BDI, BAI e questionario de screening para TAB e avaliados por psiquiatra. Resultados: O SDMT apresentou correlacoes estatisticamente significativas com todos os demais subtestes, sendo as correlacoes mais fortes com o PASAT3’’, PASAT2’’ e WLG. Mais de 60% da amostra apresentou prejuizos em tres ou quatro dominios cognitivos. Quanto as faixas etarias nao houveram diferencas estatisticamente significativas entre o desempenho nos testes. Foi possivel inferir que quanto maior o tempo de doenca maiores os prejuizos nos testes: SRT-R, SRT-S, SRT-D, 10/36, SDMT, PASAT3” e WLG. Houveram diferencas estatisticamente significativas entre os grupos com quatro a seis anos de diagnostico e o de sete a 10 anos, sendo que este grupo apresentou maiores prejuizos. Nao houve diferenca estatisticamente significativa entre alteracoes cognitivas dos gupos TAB e n-TAB, porem o grupo TAB apresenta ansiedade significativamente maior que o grupo n-TAB. Encontramos um dado nao esperado em nossa amostra que foi o achado de 14 pacientes com sindrome demencial. Destes, nove apresentaram sintomatologia compativel com o fenotipo de Demencia Frontotemporal. Conclusao: Alteracoes neurocognitivas na EM apresentam alta prevalencia e grande impacto na qualidade de vida do paciente e familiares, bem como altos custos financeiros. Nao houve diferenca estatisticamente significativa entre os portadores de EM com TAB e o grupo EM n-TAB, sugerindo que as alteracoes cognitivas entre essas comorbidade, EM/TAB, se sobrepoem. Alem da depressao, poucos estudos estao disponiveis na literatura sobre as alteracoes psiquiatricas que surgem na EM e intensificam bastante o sofrimento do paciente. Encontrou-se uma prevalencia TAB nesta populacao superior aos achados da literatura, o que pode ser justificado por uma avaliacao minuciosa. Nao apresentou diferenca estatisticamente significativa entre grupos etarios, mas houve diferenca entre tempo de doenca. Nesta amostra, o grupo TAB apresentou ansiedade significativamente mais elevada que o grupo n-TAB. Houve presenca de pacientes com sindrome demencial, sendo que sua maioria, apresentaram sintomatologia compativel com o fenotipo de Demencia Frontotemporal.
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