Elevação e protração do ombro para progressão do cateter central de inserção periférica em recém-nascidos: ensaio clínico randomizado
2021
A progressao do Cateter Central de Insercao Periferica (PICC) em regiao
hemiclavicular e fundamental para insercao ate a juncao cavoatrial. Para favorecer tal
progressao, criou-se manobra de Elevacao, Protracao e Abaixamento do ombro (Manobra
de EPA). Objetivou-se avaliar o resultado da aplicacao do primeiro (elevacao) e segundo
(protracao) passos da Manobra de Elevacao Protracao e Abaixamento do ombro, ou
Manobra de EPA, na progressao do cateter central de insercao periferica, em recem nascidos. Ensaio clinico randomizado em dois grupos, controle e intervencao, duas
modalidades de variavel independente, os quais foram submetidos a alocacao aleatoria.
Realizado na unidade neonatal em maternidade publica, em Fortaleza/Ceara, de
dezembro-2019 a outubro-2020, com dados coletados pela pesquisadora e tres
enfermeiras assistenciais, registrados em instrumento especifico. Amostra constou de 77
cateteres inseridos em 68 recem-nascidos, distribuidos no grupo controle (elevacao protracao) e intervencao (protracao-elevacao). A variavel independente foi a insercao do
cateter pela veia basilica e cefalica direita/esquerda, puncionada no antebraco, em recem nascidos, considerando criterios de inclusao. Dados analisados no Programa Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS) e aplicados Testes Qui-quadrado de Pearson,
Exato de Fisher, Kruskal-Wallis e Mann Whitney. Para mensuracao do Tamanho do
Efeito (ES), aplicaram-se Testes Eta quadrado, V de Cramer, Correlacao ponto bisseral,
intervalo de confianca 95%-p<0,05. A analise de normalidade foi realizada com o teste
de Komolgorov-Smirnov. Aprovado pelo comite de etica da instituicao, conforme
numero 3.545.129. Registrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clinicos (ReBEC),
numero RBR-6ng4my. A maioria dos recem-nascidos foram pre-termo (64-94,1%); idade
corrigida e idade cronologica <30dias (73-94,8%); peso ao nascer e peso no dia da
insercao <1500g, (46-67,6%) e (50-64,9%), respectivamente; diagnostico de
prematuridade e desconforto respiratorio (74-96,1%). Ocorreram 243 insercoes, 166
progrediram sem manobra e 77 com manobra. Essas 77 foram alocadas no grupo controle
e intervencao, 41 e 36, respectivamente. Das 166 insercoes, 95(84,8%) progrediram sem
manobra em veia basilica direita e 29(82,9%) na esquerda, com p<0,001 e ES=0,43. No
grupo controle, quanto maior a idade gestacional, menor foi a prevalencia de progressao
(p=0,763); na progressao, apos elevacao, predominaram-se recem-nascidos com maior
peso (p=0,814); predominou progressao a esquerda; veia de maior progressao foi a
cefalica direita (9-60%). O grupo intervencao esteve mais associado com nao progressao (27-75%), p=0,025 e ES=0,318; na protracao, quanto maior a idade gestacional, maior a
prevalencia de progressao (p=0,053); na progressao apos elevacao, predominaram recem nascidos com maior peso ao nascer e no dia da insercao; as veias basilicas direita (5-
83,3%) e esquerda (2-100,0%) estiveram mais associadas com nao progressao. No grupo
controle e intervencao, o cateterismo por veia basilica direita e esquerda obteve
posicionamento central em 9(100%) insercoes. Conclui-se que a elevacao e protracao do
ombro, aplicados nessa sequencia, facilitam a progressao do PICC pela veia basilica e
cefalica direita e esquerda; infere-se manter a sequencia da manobra elevacao-protracao.
Essa investigacao mostra aos profissionais envolvidos no contexto de utilizacao do PICC,
que o movimento de elevacao e protracao do ombro, como tecnologia em saude, favorece
o avanco do cateter em recem-nascidos, proporciona cuidado humanizado, sem
iatrogenias, por ser inocua, sem custos adicionais, impactando na qualidade da assistencia
para promocao da saude e seguranca do paciente em ambiente hospitalar de alta
complexidade.
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