A poética da negatividade na escritura de Lobo Antunes
2017
A escritura de Antonio Lobo Antunes, escritor portugues contemporâneo, e gaga, fragmentaria, desequilibrada, inadequada, embrulhada. O que temos e um desastre inevitavel. Nao obstante, e um desastre fascinante, sob uma perspectiva blanchotiana, que pressupoe uma escritura destituida de poder, que nao fala a linguagem da ordem mas nao pode parar de falar, que nos expoe a uma especie de perplexidade passiva, que confunde o conhecimento. A escritura de Lobo Antunes e, assim, extremamente contemporânea em sua estetica da falta, da ausencia, da impossibilidade de encontro entre os extremos e os meios para comporem um conjunto logico. A multiplicidade de enunciadores, todos eles instaveis e descrentes do poder edificante da escritura, impede a identificacao de uma voz “central” (ou a que deveria ser o centro, que nao ha), o que contribui para o imperio do fragmento. O climax e o desenlace classicos nao mais constituem o apelo da narrativa, que nao aponta para uma solucao, uma decisao, um ponto de chegada qualquer. E essa concepcao de negatividade, associada as nocoes de fragmento e desastre, que este texto se propoe investigar na ficcao de Lobo Antunes.
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