Atitudes frente ao doente mental: correlatos valorativos e de traços de personalidade

2014 
A historia da loucura exerce importante representacao nas transformacoes ideologicas e praticas no que se refere as iniciativas de melhor oferta de assistencia aos doentes mentais. Dessa maneira sao apresentadas as revolucoes que caracterizaram importantes mudancas a nivel mundial no tratamento psiquiatrico, enfase nas contribuicoes da Revolucao Italiana, e suas influencias no processo desencadeado no Brasil, que resultou na sancao da Lei 10.216/2001, de Reforma Psiquiatrica. Compreendendo a psiquiatria como peca de poder na estrategia de controle e dominacao/sujeicao do individuo em sofrimento psiquico e que novas formas de cuidar devem ser dialogadas. Fruto dessas discussoes os modelos de saude vem tentando compreender o doente mental alem dos aspectos orgânicos, como tambem os aspectos subjetivos deste. Essa transicao de cuidar pode ser evidenciada por meio dos modelos de saude: biomedico e biopsicossocial. Considerando essa logica busca-se aqui enfocar a doenca mental como possibilidade humana e sua ligacao a ordem social. Em virtude dessa construcao historica da loucura a presente dissertacao objetivou saber se os valores humanos e os tracos de personalidade explicam as atitudes frente ao doente mental. Considerando os valores humanos como principios guias das acoes humanas e sendo a personalidade subjacente ao mesmo. Para tanto, realizaram-se tres estudos empiricos. O Estudo 1 objetivou construir e validar uma medida de atitudes frente ao doente mental (EAFDM), conhecendo evidencias de sua validade fatorial e consistencia interna. Participaram 200 estudantes da area de saude (medicina, enfermagem e psicologia) de universidades publica e particular da cidade de Joao Pessoa-PB. Foram divididos de forma equitativa com idade variando de 17 a 49 anos (M = 23,67; DP = 5,04). A EADM, apos ter checado sua validade semântica e poder discriminativo (tendo seguido os criterios de Kaiser e Cattell), apresentou-se estruturado em dois componentes: autoritarismo (α = 0,81) e benevolencia (α = 0,75). Os dois fatores explicaram conjuntamente 20,8% da variância total. O Estudo 2, por sua vez, teve como objetivo comprovar a estrutura fatorial da EADM, fornecendo evidencias psicometricas mais robustas para referida medida. Contou-se com uma amostra de 203 estudantes com idades variando de 17 a 52 anos (M = 23,93; DP = 5,54). Os resultados da Analise Fatorial Confirmatoria (AFC) permitiu comprovar a estrutura bifatorial da EADM, identificado no estudo 1, apresentando indicadores de ajuste e confiabilidade composta (CC) satisfatorios. Por fim, realizou-se o Estudo 3, compondo a amostra de 230 profissionais da area de saude. Estes responderam a EADM, o Questionario dos Valores Basicos (QVB), o Big Five e um Questionario Sociodemografico. As analises consistiram em correlacao de Pearson (r) e regressao multipla (stepwise). Foram construidos dois modelos: no primeiro, os tracos de personalidade conscienciosidade e amabilidade predizem as subfuncoes experimentacao e interativa, que, por sua vez, explicam o fator autoritarismo das atitudes frente ao doente mental; no segundo, os tracos de personalidade neuroticismo predizem as subfuncoes experimentacao e interativa, que explicam o fator benevolencia das atitudes frente ao doente mental. No geral, os modelos se mostraram ajustados aos dados empiricos. Conclui-se que e fundamental desenvolver projetos de intervencao junto aos profissionais de saude, especialmente, com vistas a efetividade das politicas publicas de saude dirigidas as pessoas com doencas mentais e assim, resgatar a cidadania desses individuos e reinseri-los na sociedade.
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