Efeito do fluor na organização supramolecular da matriz organica do esmalte dentario em camundongos

2008 
A biossintese do esmalte dentario inicia-se pela secrecao, processamento proteolitico e auto-agregacao de uma complexa mistura de proteinas, sintetizadas pelos ameloblastos, conhecida como matriz orgânica do esmalte. A formacao desta matriz ocorre em tres estagios: secrecao (inicial), transicao e maturacao e parece ser fundamental para o controle da orientacao e morfologia dos cristais de hidroxiapatita, que constituem a fase mineral do esmalte em desenvolvimento. No estagio de secrecao da amelogenese, a matriz orgânica do esmalte apresenta uma organizacao supramolecular birrefringente, dessa forma, a referida matriz pode ser observada e quantificada por meio de microscopia de luz polarizada. Alteracoes geneticas e ambientais podem induzir a disturbios na organizacao molecular da matriz orgânica extracellular do esmalte (MOECE) dentario no estagio secretorio, gerando modificacoes em sua birrefringencia, tais disturbios podem contribuir para alteracoes na estrutura do esmalte maduro. Altos niveis de ingestao de fluor causam mudancas na estrutura e concentracao das proteinas da matriz orgânica do esmalte, induzindo a falhas na mineralizacao e formacao desorganizada dos cristais do esmalte. Estas alteracoes caracterizam a fluorose de esmalte e incluem aumento da porosidade, reducao do conteudo mineral e diminuicao da microdureza do esmalte maduro. O objetivo deste estudo foi analisar os efeitos do fluor sobre a birrefringencia da MOECE no estagio secretorio. Quinze camundongos da linhagem A/J foram divididos em 3 grupos e submetidos a um tratamento de 30 dias com dieta exclusiva de racao e agua deionizada ad libitum. A agua ingerida continha 0, 25, e 50 ppm de fluor (NaF) nos grupos A/J-Controle, A/J-Fluor 25 ppm e A/J-Fluor 50 ppm, respectivamente. Os mesmos procedimentos foram aplicados a quinze camundongos da linhagem NOD (Non Obese Diabetic), caracterizando os grupos NOD-Controle, NOD-Fluor 25 ppm e NOD-Fluor 50 ppm. Apos o periodo acima mencionado, todos os animais foram perfundidos com uma mistura de paraformaldeido 2% com glutaral deido 0,5% em tampao fosfato 0,2 M e suas hemimaxilas foram extraidas e mantidas na mesma solucao fixadora por 16h, as amostras foram entao descalcificadas em mistura de acido nitrico 5% com formaldeido 4 % por 6 h sob agitacao. Apos desidratacao e inclusao em parafina, obtive-se cortes longitudinais de 5µm de espessura que foram desparafinizados, hidratados, montados em solucao aquosa de glicerina 80% e analisados em microscopia de luz polarizada. Realizou-se a analise da matriz orgânica dos incisivos superiores de modo a se determinar o retardo optico em nanometros (nm) na area de maior birrefringencia no estagio de secrecao da amelogenese. Os valores de retardo otico foram submetidos a analise estatistica (Kruskal-Wallis) e os grupos A/J e NOD foram comparados separadamente. Observou-se um aumento, estatisticamente significante, dos valores de retardo otico nos grupos A/J-Fluor 25 ppm e A/J-Fluor 50 ppm, quando comparados ao grupo A/J-Controle (p<0,01). O mesmo aconteceu com os grupos NOD-Fluor 25 ppm e NOD-Fluor 50 ppm que mostraram aumento, estatisticamente significante, dos valores de retardo otico quando comparados ao grupo NOD-Controle (p<0,01). Os grupos A/J-Fluor apresentaram valores semelhantes (p>0,05) o que tambem ocorreu com os grupos NOD-Fluor. Os resultados do presente estudo mostram que o fluor induz a um aumento da birrefringencia da MOECE no estagio de secrecao, podendo estar associado ao mecanismo de desenvolvimento da fluorose de esmalte
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