L'amour, la fantasia, de Assia Djebar: a literatura em aula de FLE como lugar de resistência feminina.

2017 
Muito se discute sobre a busca por caminhos didaticos que sejam eficazes no processo da aquisicao das competencias de aprendizagem de uma Lingua Estrangeira (LE). Lago (2011) aponta que, nessa busca, e preciso considerar os fatores neurodidaticos envolvidos no ensino/aprendizagem de uma LE, dentre eles: a ansiedade, a autoestima e, sobretudo, a motivacao, pois e ela que despertara, no aprendiz, o desejo de aprender. Movidos por essas inquietacoes, nesta pesquisa, apresentamos a experiencia da leitura literaria em aula de Frances como Lingua Estrangeira (doravante FLE) como um caminho didatico que pode favorecer a aprendizagem dessa lingua e mobilizar os fatores neurodidaticos supracitados. Mas, como despertar nos aprendizes de FLE o gosto pela leitura literaria? Optamos por abordar a tematica da subalternizacao vivenciada pela mulher na sociedade argelina por ser uma situacao presente tanto na antiguidade quanto na contemporaneidade, fazendo parte do contexto no qual o aprendiz esta inserido. Assim, escolhemos levar o romance L’amour, la Fantasia (1985), da escritora argelina Assia Djebar, para a sala de aula de FLE. O enredo dessa narrativa trata do desejo do povo argelino de libertar-se do jugo do colonizador frances, que e paralelo ao desejo das mulheres de seu pais de se libertarem de suas vidas enclausuradas (SOARES, 1990). Nele, a narradora da historia vive um conflito com a sua propria identidade, pois o seu pais condiciona as mulheres a uma cultura de silencios (BRAHIMI, 2001). Como objetivo geral, buscamos verificar a sala de aula de FLE como um espaco relevante para propiciar a sensibilizacao a leitura literaria atraves do romance L’amour, la Fantasia, considerando-a como um lugar oportuno para o desenvolvimento das competencias linguistico-culturais na formacao do pensamento critico do aprendiz. Classificamos esta investigacao como sendo uma pesquisa-acao (ENGEL, 2000) descritiva, de cunho qualitativo. Quanto ao metodo de analise literaria, adotamos a corrente da sociocritica concebida por Duchet (1971), tendo como objeto de estudo a obra L’amour, la Fantasia. O corpus foi constituido pelas respostas escritas dos participantes da pesquisa, expressas em atividades, aplicadas durante a intervencao. Tivemos como participantes um grupo de professores em formacao, estudantes da graduacao do curso de Letras Lingua Portuguesa e Lingua Francesa da Universidade Federal de Campina Grande, situados entre os niveis de aprendizagem A2/ B1, segundo a definicao do Quadro Europeu Comum de Referencia para as Linguas (QECRL, 2001). Nosso prisma teorico esta ancorado no direcionamento de Peytard (1982), que situa o texto literario como um laboratorio da linguagem, bem como na nocao de identidade-rizoma, presente na Poetica da Relacao, de Edouard Glissant (1990), relacionando-a a multiplicidade da subjetividade da mulher argelina. Acreditamos que, nesta experiencia de imersao na leitura literaria, o contato com a literatura argelina tornou-se uma via de ensino/aprendizagem do FLE, que levou os professores em formacao a discutir sobre a condicao de subalternizacao imposta a mulher argelina. A literatura se situa, portanto, como um lugar de resistencia da mulher, que funciona como uma forma de sua voz se fazer ouvir.
    • Correction
    • Source
    • Cite
    • Save
    • Machine Reading By IdeaReader
    0
    References
    0
    Citations
    NaN
    KQI
    []