Interações Agroecológicas: a comunidade de São Pedro de Cima em movimento

2014 
Esta dissertacao tem por enfoque as questoes territoriais e produtivas da comunidade quilombola de Sao Pedro de Cima, localizada no municipio de Divino, Zona da Mata mineira. Desde o ano de 2009 o Grupo EWE (UFJF) realiza seus trabalhos de pesquisa e extensao junto a comunidade, empenhado na construcao coletiva da transicao agroecologica, entendida como um lento processo de articulacao entre os agricultores e organizacoes sociais por uma agricultura social e ambientalmente mais justa. Para tanto, foi proposto um estudo sobre a dinâmica territorial local, que teve como base nossas consideracoes teoricas sobre os conceitos de lugar e territorio, ambos pensados desde uma geografia em movimento, interessada nas territorialidades subalternas, invisibilizadas pela historiografia eurocentrica e pela ciencia moderno-colonial. Na intencao de construir um olhar mais profundo sobre a realidade produtiva e os conflitos que ela envolve, entendemos a agricultura como um recorte complexo de pesquisa e que, logo, interroga questoes ambientais, culturais, economicas e produtivas. Diante deste estudo foi possivel compreender com certa clareza os efeitos das imposicoes da modernizacao agricola na comunidade, suas consequencias no cotidiano dos agricultores, que hoje tem como carro chefe o plantio do cafe, dependente do uso de insumos agricolas e agrotoxicos. Foi possivel, tambem, melhor compreender as resistencias a este modelo, os saberes quilombolas e camponeses materializados nos lacos de parentesco e solidariedade, na diversidade produtiva dos quintais e nas experiencias de diversificacao das lavouras de cafe. Ademais, tratamos de expor nossas acoes de extensao junto aos moradores, as quais primaram pelo dialogo e pela participacao da comunidade, sendo estas as bases metodologicas do trabalho. O grupo EWE se encontrou com outros atores do movimento agroecologico regional, sobretudo o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Divino (STR), o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM) e a Universidade Federal de Vicosa, com quem realizou acoes no intuito de construir as bases para a transicao agroecologica, dentre as quais se chama atencao para os Intercâmbios de Saberes e Sabores, espacos de dialogos entre agricultores sobre as questoes produtivas. Ressalta-se que, ao levantar a bandeira da agroecologia, valorizando as experiencias alternativas de producao e comercializacao, estivemos nao so diante de toda a forca da hegemonia do agronegocio, mas tambem das possibilidades de transformacao da realidade dos agricultores e do espaco agrario brasileiro.
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