O extrativismo da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa blonp.) e a sobrevivência de comunidades na reserva de desenvolvimento sustentável do Rio Amapá, em Manicoré, Amazonas

2015 
A organizacao produtiva de base social das comunidades agroextrativistas na regiao sul da Amazonia brasileira comecou na decada de 1990. Nessa epoca, a realidade social e economica de parcela significativa da populacao era de extrema pobreza. Antes, as pessoas viviam sob o jugo das figuras dos patroes e coroneis de barranco, personagens com influencia e poder politico local, que se diziam arrendatarios de terra, donos dos castanhais e seringais. Nessas condicoes, a possibilidade de regulacao da sociedade por meio da economia solidaria significaria reconhecer uma possibilidade de sustentacao das formas de vida dos individuos em sociedade/comunidade nao centrada nas esferas do poder do mercado. Hoje, a livre producao agroextrativista, nessa porcao da Amazonia, ainda enfrenta problemas de gestao; defasagens na escala de producao; reduzido numero de cooperativas; intensa presenca de produtos importados; baixo valor agregado da producao; nao ha conformidade nem tabelas de precos; produtores com deficit de formacao tecnica e necessidade de maior investimento no setor. Esses problemas acabam restringindo o processo de crescimento e de desenvolvimento das comunidades do local e demandam novas alternativas de mercado para suas realidades. Em se tratando da producao de castanha-do-Brasil, sua participacao relativa como produto da economia e da cadeia produtiva extrativa na Amazonia e realcada no periodo da safra por conta dos varios agentes que dependem de sua producao para subsistencia. Este trabalho analisa o comportamento do mercado da castanha, a dinâmica da renda e a organizacao produtiva das comunidades extrativistas da castanha-do-Brasil no sul da Amazonia brasileira. Os resultados mostraram que a demanda carece de estudos meticulosamente aprofundados, pois corre em contradicao a logica de mercado, em que o produtor nao pode garantir que para toda demanda existira uma oferta correspondente. Em relacao a oferta, identificou-se uma rigidez (inelasticidade ao preco) que aparentemente poderia ser flexibilizada pelo cultivo da castanha; entretanto, na Amazonia Brasileira ha plantios de castanha-do-Brasil que ainda nao evidenciam eficiencia economica em se tratando da producao apenas de amendoas. A sazonalidade dos produtos florestais nao madeireiros coaduna com os plantios agricolas e, neste caso, ambos estruturam o sistema economico produtivo no sul da Amazonia brasileira e a subsistencia das familias. As familias e as comunidades na regiao vivem em restritas condicoes de subsistencia, que o diagnostico socioeconomico obtido neste estudo identificou poder estar relacionado diretamente ao modelo historico-produtivo dessa regiao do Brasil, onde as diferencas regionais estao principalmente na renda, nivel de escolaridade e desenvolvimento humano e social.
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