Notas histórico-filológicas sobre a “autogeração” em Kant

2016 
Vocabulo presente nas edicoes “A” e “B” da Kritik der reinen Vernunft , “ Selbstgebarung ” [autogeracao] nelas limita-se a uma so e mesma ocorrencia. Nao tendo surgido, assim parece, em nenhum outro texto dos “ Gesammelte Schriften ” do filosofo, dele—mesmo sem restricao ao campo filosofico—nenhuma referencia por ora tampouco encontrei que antecedesse seu aparecimento na primeira Critica. Na verdade, afora dois registros seus ainda durante o periodo de vida de Kant—em passos de obras de Tieftrunk e Jacobi, ambas atinentes a Razao Pura—, so tornei a deparar-me com ela a partir de 1845. Dessarte, presumo esse vocabulo seja um neologismo construido pelo filosofo, o qual, do ponto de vista historico, podera ter resultado da condensacao de dois termos—justamente “ selbst ” e “ Gebarung ”—cuja mutua proximidade encontrava-se ha muito assentada, sobretudo em campo mistico-teosofico. Em tal caso, fundindo-os e retirando-lhes esse alcance primevo, Kant teria dotado a nova palavra duma versao secularizada, especulativo-embriologica. No decurso do presente estudo, cuja exegese e caracteristicamente historico-filologica, serao examinados os seguintes pontos: [I] uma possivel origem mistico-teosofica da expressao em pauta; [II] dificuldades filologicas referentes a compreensao de “ Selbstgebarung ” como “ epigenese ”, “geracao espontânea”, “partenogenese” e “parto espontâneo”; [III] elementos atinentes ao alcance duma “autogeracao” do entendimento e da razao. A esses pontos seguir-se-a uma pequena sinopse a guisa de conclusao.
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