A produção textual escrita de adultos com dislexia de desenvolvimento

2017 
Produzir um texto e uma atividade complexa para adultos com dislexia do desenvolvimento, uma vez que envolve funcoes cognitivas sofisticadas, alem das habilidades basicas de escrita. O objetivo deste artigo foi comparar a producao textual escrita de adultos com dislexia do desenvolvimento (n=32) e controles leitores proficientes (n=32). O delineamento foi o de caso-controle. Para cada caso (dislexico) foi selecionado um controle emparelhado por sexo, idade, anos de escolaridade e area de formacao (ocupacao). Todos os participantes foram instruidos a redigir um texto narrativo autobiografico com a tematica “minha historia escolar”. Foram realizadas analises computadorizadas (Coh-Metrix-Port), analise da complexidade estrutural da producao textual escrita a partir de categorizacao das redacoes e analise dos erros ortograficos. Os principais resultados evidenciaram que o grupo de adultos com dislexia do desenvolvimento apresentou desempenhos diferenciados do grupo controle, produzindo textos com frases mais longas, utilizando palavras mais curtas, com alta frequencia de adjetivos e baixa incidencia de sintagma e de ambiguidade de substantivo. A ocorrencia de “e” foi a metrica do Coh-Metrix-Port que mais se correlacionou com as habilidades de leitura-escrita, quantidade de erros na producao textual e QI, evidenciando uma dificuldade do grupo de dislexicos de produzir elementos de conexoes no texto. Com relacao a complexidade estrutural da producao escrita, a maioria dos textos dos dislexicos foi classificada nos niveis II e III (de uma escala de cinco categorias), caracterizando uma redacao pouco estruturada. No entanto, os dislexicos que produziram textos bem estruturados e complexos foram os mesmos que cometeram menos erros de notacao ortografica. As falhas ortograficas foram mais numerosas no grupo de dislexicos, revelando a persistencia dessa dificuldade na fase adulta. Entretanto, a tipologia desses erros foi semelhante nos dois grupos, com maior representatividade para os erros em acentuacao e substituicao grafemica. Os resultados mostraram que algumas dificuldades especificas persistem na idade adulta e diferenciam o grupo de dislexicos do grupo controle. Essas dificuldades microtextuais, como alta incidencia de erros ortograficos, de “e”, de adjetivos, podem ser trabalhadas e contempladas nas estrategias de intervencao, contribuindo para a melhoria dos aspectos macrotextuais e, assim, auxiliando na producao de textos estruturalmente mais elaborados. Palavras-chave: dislexia de desenvolvimento, adulto, producao textual, analises computadorizadas.
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