Limites inscritos na gestão municipal do SUS: a ótica dos gestores de uma microrregião de saúde de Minas Gerais

2016 
INTRODUCAO: o Sistema Unico de Saude (SUS) traz como um dos seus principios organizativos a descentralizacao, que tem como objetivo a distribuicao de responsabilidades entre Uniao, Estado e municipio. Tal principio traz um avanco, pautado na autonomia politico-administrativa e financeira na gestao e na flexibilidade dos municipios, respeitando as realidades locais. A municipalizacao sinaliza tambem grandes desafios, repercutindo comumente em contradicoes no proprio sistema, as quais tem desenhado diferentes faces do SUS em todo o territorio nacional. Desse modo, o objetivo do presente estudo foi compreender os desafios concernentes a gestao municipal do SUS, sob a perspectiva dos gestores de uma microrregiao de saude de Minas Gerais. METODO: pesquisa qualitativa, cujos participantes foram os gestores municipais de saude de uma microrregiao de Minas Gerais. A coleta de dados se deu nos meses de agosto e setembro de 2015, por meio de um roteiro de entrevista com questoes abertas, realizada individualmente com cada secretario de saude. Os dados foram analisados por meio da tecnica de analise de conteudo de Bardin e em consonância com a literatura pertinente a tematica. O projeto o projeto foi aprovado pelo Comite de Etica em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Vicosa, inscrito sob o Parecer no 1.147.443, de 08 de julho de 2015. RESULTADOS: os gestores afirmam que um dos maiores desafios enfrentados na gestao da saude refere-se ao subfinanciamento do sistema. Apontam nesta direcao a dificuldade que vivenciam com o repasse de recursos previstos pela Uniao e Estado, que comumente ficam aquem do preconizado, exigindo que o municipio assuma compromissos financeiros que nao tem condicoes de assumir. Somado a isso apontam a morosidade e a burocracia do sistema como um desafio para a gestao, dificultando a implementacao de projetos em tempo habil, o que inviabiliza muitas vezes que acoes planejadas se concretizem no momento necessario. A questao da gestao de pessoas tambem foi mencionada como uma limitacao importante, caracterizada em especial pela fragilizacao do vinculo e pela ausencia de perfil/competencia do profissional para atuar no contexto do SUS, com destaque para os medicos alocados na Estrategia Saude da Familia. CONSIDERACOES FINAIS: os achados desta pesquisa remetem reflexoes importantes, ao abordar os limites vivenciados pela gestao municipal do SUS. A despeito destes compreende-se o que o subfinanciamento na saude tem recaido de maneira mais expressiva sob esta instância de gestao e que o modelo organizacional do sistema, no que tange aos projetos e acoes programaticas, configura-se como um impasse importante para o atendimento das necessidades da populacao no tempo oportuno. Finalmente pontua-se a fragilizacao do vinculo e do perfil do profissional de saude para o contexto do SUS, remetendo a necessidade premente de desprecarizacao do trabalho e da educacao continuada e permanente junto aos trabalhadores do sistema de saude.
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