ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DOADORES DE SANGUE QUE SOROCONVERTERAM PARA HIV NO BANCO DE SANGUE DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE

2021 
Introducao A despeito de todos os grandes ajustes, adequacoes e evolucoes tecnologicas experimentadas pela hemoterapia ao longo de decadas, o processo transfusional ainda representa risco ao receptor. Este se deve, entre outros fatores, pelas doacoes realizadas previamente a soroconversao – doacoes em periodo de janela imunologica. Diante disso, sao fundamentais os esforcos empenhados na tentativa de tracar o perfil das doacoes que apresentam risco aumentado ao processo transfusional. Um estudo anterior do nosso grupo demonstrou que a soroconversao acontecia com maior frequencia nos doadores espontâneos e que estes estavam associados com maior infeccao por HIV, o que sugeria um perfil de buscadores de teste. Objetivo Analisar as soroconversoes para HIV identificadas no Servico de Hemoterapia do Hospital de Clinicas de Porto Alegre, comparando, especialmente, o tipo da doacao – espontânea e reposicao – e caracterizando o perfil dos doadores que soroconvertem. Material e metodos Estudo retrospectivo com busca de dados epidemiologicos e de sorologia nos sistemas informatizados AGH e Realblood no periodo compreendido entre janeiro de 2004 e julho de 2021. Foram identificadas as sorologias reagentes de doadores de repeticao confirmadas para HIV e, dentre essas, selecionados os casos de soroconversao, ou seja, quando um doador com sorologia nao reagente em doacoes previas apresenta viragem para este marcador. Os dados foram reunidos e as analises estatisticas realizadas no programa SPSS versao 18. Resultados e discussao No periodo de analise, ocorreram aproximadamente 269.000 doacoes, das quais 62,6% foram de reposicao e 37,4% espontâneas. Verificamos soroconversao para HIV em 48 doacoes, sendo 25 (52%) de reposicao e 23 (48%) espontâneas. De modo geral, a maioria dos doadores que soroconverteram para HIV sao do sexo masculino (75%), solteiros (66,7%), brancos (75%), com baixa escolaridade (54,2%), com idade media no diagnostico de 37,3 ± 9,9 anos. Nao houve diferenca significativa na ocorrencia de soroconversao para HIV quando comparadas doacoes espontâneas e de reposicao. O numero medio de doacoes ate a constatacao da soroconversao foi similar entre doacoes espontâneas e de reposicao (4,78 ± 2,0 versus 3,44 ± 4,2; p > 0,05). Comparativamente, nao existe diferenca de sexo, estado civil e escolaridade entre as soroconversoes. No entanto, observou-se que os doadores espontâneos soroconvertem para HIV mais jovens que os de reposicao (33,6 ± 7,2 versus 40,7 ± 11,9; p = 0,01). Conclusao Diante dos resultados, em relacao ao nosso estudo anterior, observa-se que a motivacao para doacao parece ter mudado para um perfil mais solidario e altruista. Grande parte dessa modificacao reflete o investimento local e nacional na fidelizacao e educacao dos doadores.
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