Estereotipização e lutas de identidade: da tiranização de Saddam Hussein à ocidentalização do povo iraquiano no jornal Público

2008 
Abordamos a defesa da guerra como o "mal menor" que libertara um povo oprimido e garantira a seguranca internacional, nos editoriais do jornal Publico de Marco de 2003, confrontando a sua retorica de divisao entre Ocidente e Oriente, assente na dicotomizacao entre "Nos" e o "Outro", com o pressuposto de que os termos carecem de estabilidade ontologica, sendo "feitos de esforco humano, em parte afirmacao, em parte identificacao do outro" (Said, 2004: XIII). A influencia da comunicacao mediatica sera equacionada entre o seu potencial como instrumento de hegemonia ideologica (Gramsci, 1974: 393) e a sua capacidade de "regular producao de poder legitimo atraves da linguagem (num sentido comunicacional de abertura dos media ao mundo, a vida e a experiencia humana)" (Esteves, 2005: 38). Se "a politica e o lugar, por excelencia, da eficacia simbolica, accao que se exerce por sinais capazes de produzir coisas sociais e, sobretudo, grupos" (Bourdieu, 2001: 159), problematizamos a funcao politica destes editoriais na construcao de um "nos ideologico" que visa fabricar um consenso que legitime a guerra (Rojo, 1995: 75-76), servindo a clausura auto-referencial do sistema politico (Luhmann, 2006: 87), em detrimento do debate critico-racional (Habermas, 1998: 443).
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