CORRELAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA E DEMÊNCIA, COM ÊNFASE NA DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2021 
A demencia e caracterizada por um declinio cognitivo, prejuizo na memoria, linguagem, resolucao de problemas e em outras areas do dominio cognitivo que afetam a capacidade de uma pessoa de realizar atividades cotidianas com consequente comprometimento do funcionamento social1, mais especificamente, trata-se de um processo multifatorial, de natureza cronica e progressiva com importante impacto socioeconomico e que e considerada pela Organizacao Mundial da Saude como uma prioridade de saude publica2, alem do mais, trata-se de uma condicao que engloba doencas distintas com variados mecanismos fisiopatologicos. Deste modo, a Doenca de Alzheimer (DA) e a forma mais comum de demencia e e caracterizada por processo neurodegenerativo progressivo e irreversivel que evolui para deficits cognitivos multiplos com comprometimento da funcionalidade, perda da autonomia e reflexos negativos na qualidade de vida (QV)3, portanto, trata-se de uma patologia relacionada a idade e que atinge, predominantemente, idosos acima de 65 anos1. O tratamento farmacologico e o manejo da demencia sao pontos de dificil execucao devido a menor capacidade dos pacientes de adesao terapeutica, alem dos efeitos adversos apresentados2, deste modo, crescente numero de estudos vem evidenciando a eficacia de abordagens nao farmacologicas associadas ao tratamento medicamentoso na melhora da qualidade de vida do idoso3. A pratica regular de atividades fisicas compreende um tipo de abordagem terapeutica nao farmacologica util na melhora da capacidade de realizacao de atividades da vida diaria2, alem do mais representa um metodo de atenuacao do declinio cognitivo4. Em vista disso, o presente artigo tem como objetivo a analise da correlacao entre atividades fisicas e demencia, com enfoque na doenca de Alzheimer, a fim de reconhecer e evidenciar a importância da pratica de exercicios tanto para prevencao de doencas neurodegenerativas como para um melhor manejo do idoso com DA, apontando os beneficios da atividade fisica regular na melhora cognitiva e funcional do idoso. METODOLOGIA Este trabalho integra uma breve revisao da literatura, a qual foi realizada atraves da busca e selecao manual de revisoes bibliograficas e estudos atuais que abordam o assunto. Utilizando as bases de dados do PubMed/Medline e SciELO, a pesquisa foi feita atraves do emprego dos termos “Demencias”, “Atividades fisicas e idosos”, “Prevencao da demencia em idosos”, ‘’Atividades fisicas e Alzheimer’’ e “Atividades fisicas e demencias da terceira idade”. No processo de inclusao dos textos, os artigos do tema apresentado publicados em portugues e ingles, foram analisados. RESULTADOS E DISCUSSAO O exercicio fisico de intensidade moderada, a longo prazo, pode levar a mudancas significativas na saude cerebral e no desempenho cognitivo; em 16 a 20 semanas ha melhora da aptidao cardiorrespiratoria e em 6 a 12 meses alteracoes cognitivas sao detectadas, com efeitos potenciais na memoria, atencao e funcao executiva5. Embora nao seja claro qual tipo ou combinacoes de atividades fisicas seja capaz de reduzir o risco ou atrasar o inicio da DA6, foi visto que, principalmente o exercicio aerobico esta correlacionado a menor perda de substância cinzenta e branca relacionada a idade, alem de menos fatores neurotoxicos, preservando a integridade estrutural neuronal e o volume do cerebro7. Nao obstante, a pratica regular de atividades fisicas, independente do tipo, e particularmente protetora contra esse tipo de demencia6, sendo capaz de influenciar no disturbio de agitacao de pacientes com DA reduzindo de maneira significativa comportamentos de agitacao, do mesmo modo, e capaz de melhorar a qualidade de sono por sua atuacao no disturbio do sono apresentado em alguns casos de DA, reduzindo a agitacao durante o sono e aumentando a condicao ‘’dormindo’, mantendo, desta maneira, o paciente mais calmo8. Alem do mais, uma influencia positiva na manutencao das funcoes cognitivas, agilidade e equilibrio, com reducao do risco de quedas em idosos com DA, foi visto em um programa de atividade fisica registrado por um estudo experimental em 20104. A explicacao neuroquimica dos mecanismos envolvidos na manutencao das funcoes cognitivas ainda e incerta, porem pode ser pontuada em tres possiveis teorias: a) estimulacao neurologica com alteracao do metabolismo encefalico, sensibilidade aumentada a glicose, aumento da perfusao cerebrovascular e da plasticidade cerebral proporcionando aumento do fator neurotrofico de crescimento neural; b) consequente beneficio por reducao da ansiedade e de sintomas depressivos; c) sinaptogenese e estimulacao de redes neurais que agem em conjunto com alteracoes fisiologicas proporcionando melhora das sindromes fisicas, cognitivas e comportamentais apresentadas na demencia 4,5. Todos esses mecanismos culminam em melhora das funcoes cognitivas por proporcionarem efeitos neuroprotetores. Em vista disso, a alta frequencia de atividades fisicas esta associada a menor risco de comprometimento cognitivo e demencia por modificacao das dimensoes metabolicas, estruturais e funcionais do cerebro, preservando a capacidade cognitiva em idosos5. Todavia, e necessario, como a maioria das abordagens terapeuticas, um tempo minimo de execucao para que seja possivel constatar os efeitos beneficos4. Varios estudos evidenciam a pratica de atividades fisicas como uma opcao nao farmacologica de prevencao do declinio cognitivo, comportamental e funcional de idosos com DA4, ademais, possui importante papel na melhora do funcionamento executivo de pacientes com demencia, aumentando a autonomia e reduzindo o risco de quedas, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida desses pacientes9. CONCLUSAO Embora nao haja um consenso a respeito do tipo e combinacoes de exercicios fisicos eficazes na prevencao ou melhora do desempenho cognitivo de pacientes com demencia, foi esclarecido que a atividade fisica executada regularmente, a longo prazo, e capaz de preservar a capacidade funcional e mental de pacientes idosos, alem de melhora diversas areas neurais responsaveis pela capacidade cognitiva de pacientes com DA, melhorando o padrao de agitacao, a qualidade do sono, aumentando a autonomia e o equilibrio. Deste modo, a atividade fisica se mostrou eficaz como abordagem nao farmacologica no tratamento de pacientes com demencia, especialmente DA, evidenciando sua importância nao apenas para prevencao e tratamento de diversas patologias cardiovasculares, mas tambem para a manutencao da integridade neurofuncional, contribuindo para um envelhecimento saudavel e proporcionando uma qualidade de vida produtiva.
    • Correction
    • Source
    • Cite
    • Save
    • Machine Reading By IdeaReader
    0
    References
    0
    Citations
    NaN
    KQI
    []