Peritonite séptica secundária à deiscência de enterotomia em felino: relato de caso

2012 
Introducao: A peritonite consiste em inflamacao do peritonio, com classificacao variavel em relacao a origem, ao grau de contaminacao e a extensao (localizada ou difusa). A perda da integridade da parede intestinal corresponde a maioria dos casos de peritonite bacteriana nos caes e gatos. Geralmente, a apresentacao e aguda em casos de peritonite septica e cronica na peritonite nao septica. No caso de peritonite septica, os sinais clinicos constam de desconforto abdominal, letargia, anorexia, perda de peso, vomito, diarreia, distensao abdominal, ictericia variavel e colapso. O objetivo deste trabalho e relatar um caso de peritonite septica secundaria a enterotomia em felino. Caso: Um felino, femea, castrado, de aproximadamente um ano de idade, foi atendido no Hospital de Clinicas Veterinarias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (HCV-UFRGS), com historico de ter sido submetida a enterotomia em outro estabelecimento veterinario, devido a formacao de fecaloma, uma semana previa a consulta ao HCV-UFRGS. Os proprietarios relataram que alguns dias apos o procedimento o animal apresentou-se prostrado, anorexico e constipado. No exame fisico, apresentou dor aguda a palpacao abdominal, alem de abdomen distendido, dispneia, mucosas hipocoradas, desidratacao e temperatura retal de 39,4°C. Os exames de sangue revelaram anemia leve (23%) normocromica normocitica, leucopenia, hipoproteinemia moderada (46 g/L) e hipoalbuminemia grave (9,5 g/L). Foi constatada a presenca de liquido livre, por ultrassonografi a, o qual foi colhido e encaminhado para analise e classificado como exsudato septico, compativel com quadro de peritonite septica. Diante do historico e dos achados de exame fisico instituiu-se tratamento inicial com fluidoterapia agressiva com ringer lactato sodico (90 mL/kg/hora) e antibioticoterapia, com ampicilina e metronidazol , ambos 20 mg/kg, por via intravenosa, seguido de laparotomia exploratoria. Durante o procedimento, foi observada presenca de secrecao purulenta no subcutâneo e cavidade abdominal, omento reativo e deiscencia dos pontos da enterotomia, realizados com fio de pesca. O colon apresentava-se necrosado ao redor da ferida cirurgica e ainda observou-se a presenca de fibrina recobrindo todos os orgaos abdominais. Realizou-se exerese dos bordos intestinais necrosados, seguido da sintese com nailon monofilamentar 3-0 em padrao interrompido simples. Apos, procedeu-se a lavagem da cavidade abdominal com 1 litro/kg de solucao de NaCl 0,9% aquecida, seguida de omentalizacao da ferida e sintese das camadas muscular, subcutâneo e pele. Aproximadamente 4 horas apos o procedimento cirurgico o animal foi a obito. Discussao: A presenca de fi o de sutura inadequado causa peritonite septica e a intervencao e considerada de emergencia. Conforme literatura, mais de 50% das peritonites septicas decorrem de deiscencia em intervencoes cirurgicas em orgaos ocos. A peritonite, associada as bacterias entericas, tem desenvolvimento rapido e com alto risco de vida. Geralmente esta associada com dor exacerbada e difusa no abdomen. Pacientes com vasculite comumente apresentam queda nos valores das proteinas totais sem afetar o hematocrito. A hipoalbuminemia e comum na peritonite, e tende agravar-se apos a lavagem da cavidade. O tratamento preconizado foi de estabilizacao do paciente, controle do foco infeccioso e fator desencadeante. Utilizou-se corticosteroide, pois tem sido preconizado no tratamento de peritonite e antibioticoterapia de suporte previo a cirurgia. Portanto, diagnostico rapido, estabilizacao do paciente, lavagem da cavidade e a cirurgia mostraram-se importantes e emergenciais, uma vez que o colon encontrava-se necrosado, visto que a sutura com um fi o inadequado para o procedimento foi causadora da peritonite septica.
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