Desafios contemporâneos para a antropologia no Brasil: Sinais de uma nova tradição etnográfica e de uma relação distinta com os seus “outros”
2018
A historia de uma “antropologia periferica” [1] nunca comeca no proprio pais, mas sim nos espacos metropolitanos, onde foram instituidas as galerias de “pais-fundadores” e se constituiram as genealogias cientificas. Nessa linha os cursos de graduacao em ciencias sociais, descritos como momentos iniciais de profissionalizacao, foram seguidos mais tarde pela implantacao de programas de pos-graduacao, demarcando o conhecimento como um produto exclusivamente universitario. Tudo aquilo que os precede e pensado apenas como “pre-historia”, a qual poderia ter apenas a limitada utilidade de uma certa erudicao, mas nao contribuiria com conhecimentos cientificos nem com instrumentos analiticos que pudessem colaborar de maneira efetiva para a investigacao e o trabalho antropologico. Numa perspectiva provinciana e colonizada os historiadores da disciplinas buscam sempre o ponto zero da antropologia nesses paises. Ou seja, procuram separar em definitivo e de maneira pretensamente inequivoca, de um lado, as formas legitimas de producao de conhecimento e os parâmetros profissionais pensados como os unicos corretos, uma pura reproducao de antropologias metropolitanas, e de outro lado, as praticas nao cientificas, nao legitimas e puramente de amateurs , que identificam com os autores e tradicoes nacionais. [1] Expressao utilizada por Roberto Cardoso de Oliveira (1999) para designar antropologias (como as latino-americanas) que emergem fora da Europa Ocidental e dos Estados Unidos, ou seja, de contextos hegemonicos em termos economicos e politicos, nos quais se desenvolvem as "antropologias centrais".
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