Reflexões sobre a prática extensionista com agentes comunitários de saúde: desafios e contradições da educação permanente

2017 
A pratica profissional do Agente Comunitario de Saude (ACS) tem como singularidade o paradoxo de ser membro da comunidade ao mesmo tempo em que pertence a equipe de saude da familia. Portanto, e complexo o fazer do ACS cuja pratica e permeada por disputas paradigmaticas e indefinicoes acerca de sua natureza, escopo de suas acoes e processo de formacao. A respeito da formacao do ACS, este profissional nao recebe treinamento de forma sistematizada e, assim, desenvolve competencias e habilidades com o tempo e a experiencia. Das contradicoes inscritas na pratica profissional do ACS e perante o cotidiano desafiador deste profissional, acredita-se que a Educacao Permanente (EP) pode constituir-se como dispositivo de transformacao de realidades ao proporcionar reflexoes sobre sua pratica e mobilizar intervencao nos servicos de saude. Nesse sentido, o curso de Enfermagem da Universidade Federal de Vicosa desenvolve ha dois anos um projeto de EP com ACS, experiencia que tem sensibilizado os estudantes de enfermagem tanto na construcao de habilidades e conhecimentos quanto na construcao de significados ao seu processo de formacao profissional e humana. Relatar a experiencia de estudantes de enfermagem em projeto de EP para ACS, a luz das reflexoes provocadas pela pratica extensionista. Relato de experiencia de atividades extensionistas do projeto “O Agente Comunitario de Saude: (re)construindo praticas e saberes por meio da Educacao Permanente” em Vicosa, Minas Gerais, de 2014 a 2016. As atividades ocorrem por oficinas educativas pautadas em metodologias participativas e problematizacao. A vivencia proporciona reflexoes acerca das contradicoes que permeiam a consolidacao do SUS como sistema publico e universal de saude. Os estudantes tem a oportunidade de vivenciar de perto os dilemas da municipalizacao da saude e as dificuldades estruturais da atencao basica no municipio. Ademais, a vivencia no projeto permite maior aproximacao com a realidade e criticidade na compreensao do processo de trabalho em saude. Percebe-se que, embora existam avancos na estruturacao dos servicos de saude n municipio, a atencao primaria saude nao e prioridade no conjunto das acoes implementadas. Como na maior parte dos municipios interioranos do Brasil, os profissionais atuam em contextos precarios, equipes incompletas e vinculos frageis de trabalho. A atividade extensionista transita em uma arena delicada uma vez que, por natureza, e desafiada a intervir na realidade sem, no entanto, governabilidade politica para direcionar mudancas no processo. A EP vincula-se a instituicao de ensino que sofre cortes orcamentarios e enfatiza atividades de pesquisa. Pensar a pratica profissional constitui importante exercicio de resistencia ao contexto de crise Espera-se que a EP utilize seu potencial transformador da pratica cotidiana de producao do cuidado em saude e que o ACS, problematize e mobilize a capacidade de agir na realidade, possibilitando vislumbrar e construir praticas que se aproximem das prerrogativas juridicas, eticas, ideologicas e legais do SUS.
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