O atendimento da saúde pública para mulheres haitianas: trajetórias migratórias e experiências reprodutivas em Cascavel/PR

2020 
A intensificacao do trânsito de pessoas entre diferentes paises tem gerado reacoes diversas no âmbito politico-administrativo dos paises-destino dos imigrantes. Uma questao desafiante e a da garantia dos direitos basicos aos imigrantes, especialmente do direito a saude. Esta tese propoe-se a analisar como se configuram as praticas de cuidado voltadas a saude das mulheres haitianas no Brasil, em especial, aquelas orientadas a gestacao, parto e puerperio, na perspectiva das usuarias e dos trabalhadores de saude, e em que medida sao abarcadas as experiencias de maternidade na diaspora. Por meio da abordagem qualitativa, a partir das narrativas dos sujeitos que as vivenciam, a pesquisa buscou refletir sobre como o Sistema Unico de Saude (SUS) esta respondendo as novas demandas incorporadas por este grupo de usuarios/as, particularmente, em relacao a assistencia prestada as mulheres haitianas no periodo gestacional, parto e puerperio. Para tanto, o estudo analisou como marcadores de origem nacional, raciais e de genero se articulam para entender tanto a assistencia prestada, quanto a experiencia das haitianas de maternidade na diaspora. No tocante ao atendimento voltado a saude da mulher haitiana, destaca-se a (re)producao de desigualdades de genero e raciais, tendo como principais dificultadores a comunicacao, que ainda e uma barreira a ser transposta nos servicos, e as caracteristicas culturais e socioeconomicas, que podem influenciar no cuidado em saude. Percebe-se que, em certa medida, os servicos estao despreparados para prestar atendimento equitativo e integral a migrante haitiana, e que, desde o inicio do processo migratorio de haitianos para Cascavel, nao houveram avancos significativos na implementacao de acoes que contribuam na melhoria do atendimento, bem como iniciativas de acolhimento, equidade e eficacia nas praticas assistenciais na area da saude. Na perspectiva das mulheres haitianas, as trajetorias e experiencias de atendimento na gestacao, parto e puerperio foram satisfatorias em grande medida, no entanto, os relatos evidenciam que a qualidade da atencao e questionavel, uma vez que, com a dificuldade na comunicacao, a qualidade da informacao e prejudicada, e nao ha clareza na efetividade das mesmas. Os relatos tambem abordam que suas vivencias foram marcadas por violencias raciais, praticas discriminatorias e violencia de genero. Observa-se a necessidade de trabalhar a interculturalidade com os profissionais que prestam assistencia a essa populacao, uma vez que ainda ha situacoes de tensoes permeadas pela diferenca cultural.
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