Migrantes bolivianos em São Paulo: um território “entre-lugar” de pertencimentos velhos e novos

A presente dissertacao teve por objetivo discutir o processo migratorio pelo qual passaram varias familias bolivianas que a procura de trabalho, migraram para o Brasil, mais especificamente para a cidade de Sao Paulo, ganhando grande notoriedade no dia a dia paulistano a partir de 1990. Na discussao sobre o fluxo migratorio, foram enfatizados os fatores que causaram essa migracao, sendo eles, repulsao e atracao, localizados na Bolivia e no Brasil, respectivamente. Estes fatores, ao se conectarem ao ciclo de desenvolvimento vivido pelo Brasil no inicio dos anos 2000, criaram um canal de migracao entre esses dois paises e, dentro desse canal, os bolivianos circularam, deixando suas marcas pelo espaco. Contudo, participar desse fenomeno requer do imigrante des-re-terrirorializacoes, formacao de um espaco novo, que nao e o espaco de partida, nem o espaco de chegada, e o que se chama de entre-lugar. Discutiu-se ainda, por meio de entrevistas e revisao bibliografica, como essas pessoas se organizaram no Brasil, como (re)arranjaram seus espacos, para que a saudade fosse menor e o trabalho menos arduo. Desse modo, essa reconfiguracao dos espacos de trabalho, de moradia e de lazer, acabou por contribuir para que esse migrante construisse no Brasil uma nova morada, que paulatinamente passou de provisoria para permanente. Essas territorialidades criadas constituiram a base para que esses migrantes comecassem a se relacionar com as estruturas sociais, economicas e institucionais do local de chegada, tornando o territorio, um “territorio usado”, configurando fluxos na determinacao dos sentidos dos territorios.