"HONESTOS" E "VICIADOS": GILBERTO FREYRE, VIAJANTES ESTRANGEIROS E SUAS "INTERPRETAÇÕES"

2017 
Gilberto Freyre elenca como fonte de informacao das mais seguras para o conhecimento da historia social do Brasil os livros de viagem de estrangeiros. Textos como os dos franceses Saint-Hilaire e Jean de Lery foram utilizados largamente como referencia na consecucao de suas obras, inclusive e principalmente na que o alcou a categoria de um intelectual dos mais importantes do pais ja na decada de 1930 - Casa Grande & Senzala. Em maio de 1936, Freyre aceita o convite de Jose Olympio para dirigir a nova Colecao "Documentos Brasileiros", que pretendia renovar o conhecimento acerca do pais com a publicacao de trabalhos comprometidos com o conhecimento "verdadeiro" sobre o Brasil. Assim, Freyre, que contava com muita liberdade de escolha, publicou as obras que julgava condizerem com a pretensao de verdade sobre a realidade brasileira, entre elas as obras de viajantes estrangeiros. Viciados foi o adjetivo usado pelo proprio Freyre para designar aqueles viajantes que julgava preconceituosos ou superficiais, logo, nao merecedores de credibilidade, muito menos de publicacoes. Neste artigo estudo o modo como Freyre se apropriou dos livros de viagem para construir a sua tese sobre a formacao da sociedade brasileira; discuto o modo como o autor justifica (ou nao) a nao relevância dos relatos de alguns destes viajantes em suas obras; e convido a se pensar como o prestigio e a autoridade de Freyre, e sua posicao frente a Documentos Brasileiros, ajudou na consagracao de uns e no "esquecimento" de outros.
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