Epidemiologia molecular dos vírus dengue em Goiânia-GO, 1994- 2006: vigilância laboratorial e caracterização dos sorotipos circulares
2008
Atualmente, a dengue representa um dos maiores problemas em saude publica, pois e
causa de doenca e morte entre milhares de pessoas que residem nas regioes tropicais e
subtropicais do mundo. Os virus dengue existem como quatro sorotipos virais (DENV-1 a
DENV-4) de acordo com diferencas antigenicas, sendo caracterizados grupos intra-tipicos
denominados genotipos. A vigilância laboratorial possibilita a confirmacao diagnostica de
infeccao por dengue e o monitoramento de sorotipos circulantes, atraves de tecnicas
diagnosticas de rotina. Recentemente, o uso de tecnicas moleculares tem contribuido para a
caracterizacao e monitoramento de genotipos potencialmente virulentos na vigencia de
epidemias e melhor entendimento da biologia do virus. Esta tese de doutorado compreende
uma introducao que contempla uma revisao da literatura sobre dengue e dois manuscritos
que descrevem as pesquisas realizadas com enfoque no diagnostico laboratorial e
epidemiologia molecular. O primeiro manuscrito intitulado Laboratorial Surveillance of
Dengue Virus in Central-Brazil, 1994-2003, foi publicado no Journal of Clinical Virology,
2006 37 (3): 179-83. Neste estudo, apresentamos os resultados de uma vigilância
laboratorial conduzida na cidade de Goiânia na regiao Centro-Oeste do Brasil, desde a
introducao dos virus dengue em 1994 ate 2003. Casos com suspeita clinica de dengue
foram atendidos em unidades de saude e hospitais de referencia da regiao metropolitana e
os testes sorologicos e/ou isolamento viral realizados no laboratorio de referencia estadual
LACEN-GO. Nosso objetivo foi descrever sobre os sorotipos virais circulantes de
dengue nos anos de 1994 a 2003 e o seu papel nos desfechos clinicos de dengue na regiao
Centro-Oeste do Brasil e caracterizar sorotipos e genotipos ou subtipos genomicos pela
RT-PCR e RSS-PCR em amostras selecionadas. O sorotipo DENV-1 foi identificado como
prevalente nos anos 1994 a 2002, sendo substituido por DENV-3 em 2003. Os adultos (87,4%) foram mais atingidos e a dengue classica a mais diagnosticada. A dengue foi
confirmada em 50% dos casos suspeitos de dengue incrementado pela RT-PCR. Os
genotipos ou subtipos genomicos do DENV-1 e DENV-3 corresponderam circulantes no
pais. A infeccao pelo DENV-3 nao sugere um papel relevante no aumento da gravidade da
doenca durante seu primeiro ano de dispersao no Centro-Oeste do Brasil. O segundo
manuscrito, a ser submetido a publicacao, foi intitulado Epidemiologia Molecular do Virus
Dengue tipo 3 em Goiânia GO, 2005-2006. O objetivo desse trabalho foi caracterizar o
genotipo circulante do DENV-3 isolado de amostras bem caracterizadas clinica e
laboratorialmente em Goiânia-GO/Brasil e analisar as alteracoes genomicas encontradas.
Sete sequencias regioes prM/M/E, foram obtidas e analisadas em comparacao com cepas
prototipo do DENV-3. As sequencias do estudo apresentaram maior homologia com a
cepas do genotipo III. O percentual de identidade nucleotidica das amostras do DENV-3
sequenciadas variou de 97,0% a 99,6% e de aminoacidos 97,5% a 99,5%, mostrando-se
conservadas. A analise da sequencia nucleotidica das amostras do estudo revelou mutacoes
silenciosas e 14 substituicoes de aminoacidos na sequencia da proteina deduzida do gene
prM/M/E. Em conclusao, o estudo confirma que as cepas de DENV-3 da regiao centrooeste
pertencem ao genotipo III. Alteracoes genomicas significativas foram observadas ao
longo do dominio III da proteina E, as quais poderiam afetar a patogenicidade, entretanto
nao foram consistentes entre as amostras de DCC e FHD. As amostras de pacientes com
dengue classica apresentaram alteracoes em residuos de aminoacidos no dominio III
relatados como pontos de atenuacao viral. Maiores investigacoes serao necessarias para
confirmar as alteracoes encontradas e sua relacao com as formas clinicas.
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