A relação de fatores de risco ambientais e familiares com sibilância em escolares da cidade de Uruguaiana, RS

2005 
Objetivo: determinar os fatores de risco associados a sibilância em criancas escolares de Uruguaiana, RS. - Metodo: Estudo transversal, realizado em escolares de terceira e quarta series do ensino basico fundamental, moradores da zona urbana de uma cidade do interior do RS, Brasil, com baixa renda. Uma amostra representativa desta populacao, de criancas foi selecionada aleatoriamente e seus pais ou familiares responderam um questionario aplicado por entrevistadores, com perguntas sobre asma, sibilância e fatores de risco pessoais, familiares e ambientais (baseado no questionario ISAAC International Study of Asthma and Allergies in Childhood). Um sub-grupo de criancas, tambem escolhido aleatoriamente, coletou amostras de fezes para realizacao de diagnostico parasitologico (3 amostras de fezes/crianca com os metodos de Ritchie, Kato-Katz e Baermann) e realizou testes cutâneos para alergenos ambientais comuns (6 alergenos, com testes ALK, Espanha). Resultados: As criancas amostradas (n=1982), com idade media de 10,1 anos, apresentaram prevalencia de sibilância ativa (nos ultimos 12 meses) de 25,7% e de 12,6% para asma alguma vez na vida. Quase 90% da populacao vivia em area pobre da cidade, com baixo nivel de escolaridade materna (75,7% com no maximo primario completo), sendo um terco da populacao exposta a mae fumante. Contato com animais foi frequente no primeiro ano de vida das criancas, ou a epoca das entrevistas. Os fatores significativamente associados a sibilância ativa na analise bivariada foram: historia materna de asma (OR= 3,3 95%IC 2,4 - 4,7), eczema diagnosticado antes dos dois anos de idade (OR= 2,5 95% IC 1,4 - 4,7), prematuridade (OR= 1,7 95% IC 1,2 - 2,3), mae fumante na gravidez (OR= 1,5 95% IC 1,2 - 1,9), mae fumante atualmente (OR= 1,4 95% 1,1 - 1,7), casa com umidade (OR= 2,0 95% IC 1,6 - 2,4), historia de verminose (OR= 1,7 95% IC 1,4 - 2,0) e ter gato atualmente (OR= 1,2 95% 1,0 - 1,5). Viver em zona pobre (OR= 0,7 95% IC 0,5 - 0,9) estava associado negativamente com sibilância ativa, assim como haver tido contato com cachorro no primeiro ano de vida (OR= 0,895% IC 0,7 - 1,0). Na analise multivariada, historia materna de asma, eczema antes dos 2 anos de idade, prematuridade, historia de verminose, casa com mofo ou umidade, mae fumante e contato atual com gato mantiveram-se associadas significante e independentemente associadas a sibilância ativa. Viver em area pobre da cidade manteve-se associado independente e negativamente a sibilância (OR= 0,6 95% IC 0,5 -0,9). Na subamostra testada (n= 411), 11,7% das criancas apresentou ao menos um teste cutâneo positivo e 49,6% ao menos uma prova diagnostica positiva para parasitas intestinais. Um total de 33,3% das criancas apresentaram testes positivos para helmintos ou giardia. Conclusoes: Historia familiar de asma, eczema nos primeiros anos de vida, prematuridade, historia de verminose, ter mae fumante, casa com mofo ou umidade, ou contato com gato foram fatores de risco associados com sibilância a idade media de 10 anos nos escolares de Uruguaiana, RS. O fato de viver em area mais pobre da cidade conferiu protecao ao desenvolvimento de sibilância aos 10 anos. Estes achados e mais o fato de que um percentual muito reduzido de criancas apresenta testes cutâneos alergicos positivos sugere que sibilância nesta populacao esta relacionada a uma gama de fatores de risco. A prevalencia de atopia e muito baixa na populacao testada, e embora nao tenha sido possivel comprovar a hipotese de que atopia nao estivesse associada significativamente a sibilância, podemos sugerir que asma nessa populacao de baixo nivel socio-economico esteja relacionada a varios estimulos ambientais (alguns diferentes dos encontrados em paises mais desenvolvidos) alem de uma historia de predisposicao familiar para asma. Fatores que possam proteger o desenvolvimento de sibilância ou asma, ou ainda atopia deverao ser estudados mais detalhadamente no futuro. Moradia em zona pobre conferiu protecao para sibilância aos 10 anos indicando que em proximos estudos deveriamos coletar informacoes mais detalhadas com relacao a estes fatores.
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