O conceito de liberdade em Aristóteles, Hegel e Sartre: Implicações sobre ética, política e ontologia

2019 
A liberdade constitui tema que sempre transpassou o ser no decorrer da historia, tese que continua influenciando a construcao da identidade do sujeito e a relacao do homem com a sociedade pos-moderna. O discurso de liberdade e a necessidade de conceitua-la suscitaram o juizo de varios pensadores ao longo da historia ocidental. Nesse sentido, a delimitacao do tema desse artigo visa a discussao do conceito de liberdade circunscrito nos pensamentos aristotelico, hegeliano e sartreano. O conceito polissemico do termo liberdade exerce funcao impar enquanto instrumento de construcao da identidade etica, politica e ontologica do homem antigo, medieval, moderno e pos-moderno. Aristoteles, Hegel e Sartre foram grandes pensadores que analisaram a variavel liberdade para alem de sua acepcao etimologica, tanto no plano teorico quanto pragmatico, estendendo seu conceito para os dominios da etica, politica e ontologia, campos que fortemente influenciam a definicao de homem na sua historicidade. Embora haja uma grande amplitude temporal (antiguidade, modernidade e pos-modernidade) e espacial (perspectiva grega, alema e francesa), determinadas obras de Aristoteles e de Hegel e a principal obra de Sartre possibilita uma analogia da evolucao, nao linear, do conceito de liberdade no espaco-tempo, permitindo definir quais dessas dimensoes (politica, ontologia e etica) alcancaram primazia e se destacaram nos grandes periodos historicos e considerando as grandes matrizes geograficas que influenciaram a filosofia ocidental. Assim, o objetivo do presente artigo consiste em analisar a problematica dos limites da concepcao de liberdade, verificando algumas implicacoes nos campos da etica, politica e ontologia, a partir a perspectiva aristotelica, hegeliana e sartreana. Em Aristoteles, o conceito de liberdade e o seu locus se encontram na interdependencia entre a etica e a politica, saberes indissociaveis no pensamento antigo. E no exercicio da razao, pelo habito, buscando a etica teleologica, que o homem, um ser racional e politico por natureza, encontra a maior virtude, o supremo bem, que a politica pode proporciona: a felicidade, residencia fixa da liberdade. Para Hegel, a liberdade esta na politica, no Estado, sociedade politica consubstanciada como a sintese da dialetica, visto que o Estado se configura como a melhor manifestacao do Espirito absoluto, entidade essencialmente ontologica. A propria concepcao de etica, no pensamento hegeliano, so encontra realizacao plena no Estado, materializacao, por excelencia, do Espirito (Geist) e consciencia da razao do seu em si. Ao defender a maxima heideggeriana da precedencia da existencia sobre a essencia, descartando uma essencia em nome de uma condicao humana, Sartre aponta para uma liberdade que independe da politica ou de qualquer determinismo externo. Nesse consenso, a liberdade e uma questao de escolha do ser, questao etica, mas que depende da ontologica, ou seja, da tomada de consciencia de si pelo homem e da assuncao de sua condicao humana.
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