Consumo alimentar segundo grau de processamento e sua associação com fatores de risco em adolescentes no município de Juiz de Fora, MG
2020
Ao longo dos anos, observa-se aumento no consumo de alimentos ultraprocessados em detrimento dos alimentos in natura, principalmente entre a populacao mais jovem. Essas mudancas de padroes alimentares, com aumento do consumo de alimentos ultraprocessados tem sido associadas ao surgimento de diversos agravos a saude, como excesso de peso, alteracoes metabolicas e de pressao arterial. Essas alteracoes, quando presentes ainda em idade precoce, podem permanecer na vida adulta. O objetivo do estudo foi avaliar o consumo alimentar segundo grau de processamento industrial de alimentos, bem como a sua associacao com fatores de risco em adolescentes entre 14 e 19 anos de escolas publicas no municipio de Juiz de Fora, Minas Gerais. Trata-se de um estudo epidemiologico, de delineamento transversal, incluindo adolescentes de ambos os sexos, de escolas publicas. Foram obtidos dados sociodemograficos, (idade, sexo, escolaridade dos responsaveis e estrato socioeconomico), antropometricos (peso, altura, perimetro do pescoco e cintura e percentual de gordura corporal por bioimpedância eletrica bipolar), bioquimicos e clinicos (colesterol total, HDL-c, LDL-c, triglicerideos, glicemia de jejum e pressao arterial sistolica e diastolica), comportamentais (pratica regular de atividade fisica e tempo de tela) e de consumo alimentar, atraves da aplicacao de dois recordatorios alimentares de 24 horas. Os alimentos foram agrupados de acordo com a classificacao NOVA segundo grau de processamento industrial: a) alimentos in natura ou minimamente processados, ingredientes culinarios e preparacoes a base desses alimentos; b) alimentos processados; c) alimentos ultraprocessados. Foi utilizada uma Tabela de Composicao de Alimentos para a estimativa da contribuicao energetica e de macronutrientes, sendo os dados posteriormente ajustados pelo Multiple Source Method (MSM). Foram avaliados 804 adolescentes com media de idade de 16,1 ± 1,2 anos, com predominio do sexo feminino (57,5%, n=462). Se autodeclararam pretos/ negros ou pardos 62,4% (n=497), 70,0% encontravam-se em eutrofia (n=561) e com niveis pressoricos normais (84,4%, n=677). Apenas 16,5% (n=133) praticavam exercicios por tempo ≥ 420 minutos/semana e 91,8% (n=738) apresentaram tempo de tela superior a duas horas. A media de consumo calorico da amostra foi de 2137,66 ± 478,98 kcal; 43,1% eram provenientes de alimentos in natura, 11,0% de alimentos processados e 45,9% de alimentos ultraprocessados. A participacao dos ultraprocessados foi maior entre as adolescentes do sexo feminino. Foram encontradas associacoes diretas entre consumo de alimentos ultraprocessados e o estrato socioeconomico, tempo de tela e a HDL-c. Ao passo que, foram observadas associacoes inversas entre o consumo de alimentos in natura e o estrato socioeconomico e niveis sericos de HDL-c. Foi observado elevado consumo de alimentos ultraprocessados entre adolescentes de escolas publicas, estando associado a diversos fatores de risco que favorecem a desfechos negativos a saude. Reforca-se a importância da realizacao de acoes e intervencoes que conscientizem acerca da adocao de habitos de vida saudaveis.
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